quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Histórias do Billi J. - Era apenas... alguma coisa


Algumas das lembranças do Billi J. eram tão incompreensíveis quanto a própria vida do Billi J.. São tantas lembranças que fica complicado escolher uma e transcrever aqui. Bom, como em muitas das lembranças de histórias significativas contadas pelo Billi J. para mim, havia nessa uma mulher. Mentira, ainda era uma menina, no salto alto dos seus 17 anos. Nem velha demais, nem nova demais. Da mesma idade do Billi J.. E foi a única que conseguiu, por um pequeno espaço de tempo, fazer com que o Billi J. esquecesse a Renata. Ah, a Renata... como ela era linda, e como seus cabelos balançavam quando ela caminhava...

A menina em questão era Verônica. Contrariando a lógica, em vez de Vec, como o Veranópolis Esporte Clube, seu nome para os íntimos era Vic, como as pastilhas para a garganta e as pomadas. Vic era tão bonita que ninguém a chamava de bonita, ou de linda. Ela era deslumbrante. Desfilava em passos certeiros, chamando a atenção e fazendo tremer qualquer par de olhos que a colocava em seu campo de visão. Usava uma rasteirinha e, contrariando o que muitos dizem, tinha um jeito de andar que prendia a atenção. Não parecia modelo, não parecia uma qualquer. Era apenas Verônica. Vic. Chamá-la assim era perigoso, seu misterioso sorriso sempre surgia quando chamavam-na pelo carinhoso nome. Sim, Vic era nome carinhoso e jamais apelido, pois ela não merecia um... apelido.

Atormentava aquele sorriso misterioso. Se o sujeito tivesse o privilégio de receber um sorriso particular para si sem antes conhecê-la, ele tremeria. Todos tremeriam. Todos tremiam. O Billi J. tremeu quando, poucos segundos após vê-la, teve em sua direção aquele sorriso. Mais bonito que os de propagandas publicitárias, mesmo não sendo tão branco quanto neve nova. Tremedeira inexplicável, pois não havia medo, não havia sequer razão alguma. Ele apenas olhou, recebeu aquele sorriso e... tremeu, sentindo um frio na espinha, na barriga, em qualquer lugar interno que pudesse estar momentaneamente congelado.

Ela, exuberante, cativante. Ela sorria sempre que via o Billi J.. E quando sorria para o Billi J., sorria apenas para o Billi J.. Os matumbos dos colegas do Billi J., asnos em razão e arrogância, não entendiam como podia aquela... maravilha de jovem, aquele ser deslumbrante e incomparável dar o mínimo de atenção para aquele... como era mesmo o nome daquele cdf de óculos? Bom, eles sequer sabiam o nome do Billi, mesmo sendo seus colegas desde... o jardim da infância. Quanto ao Billi, no começo apenas estranhou aquelas sensações estranhas. Porém compreendia que a cada dia a Renata não parecia ser mais a pessoa perfeita. Porque, sendo bem racional, a Vic era mais decidida, não ficava com um pé atrás para largar tudo o que estava fazendo e ir apenas dar-lhe um oi... Vic, aquela intimidade toda não era normal.

Vic não era normal.

A Renata percebeu que o Billi J. estava ficando todo bobão e como quase todo mundo nessa história, ficou sem entender por que sentia tanto... ciúme(?!) quando via Verônica com Billi. Renata não sabia o que sentia, quando via, quem via. Acabava afastando-se todas as vezes em que Verônica se aproximava de Billi J., com isso, o Billi sentia-se cada vez mais distante dela, cada vez mais próximo da doce e incrível Vic. E como seu caminhar era hipnotizante, como ela ficava mais bela quando usava uma flor no cabelo, como...

Bom, e quanto a Verônica, o que sentia, como chegara até ali, por qual motivo havia trocado de colégio naquele momento final do ensino médio? Ninguém sabia, principalmente porque ninguém queria perguntar alguma coisa a ela quando estava na sua frente. Como por encanto, tinha todos os meninos do colégio, todos aqueles marmanjos de 16, 17, 20 anos em suas suaves e pequenas mãos. Todos queriam segurar aquelas mãos que, só por serem as mãos de Vic eram encantadoras.

Ela sorria, para uns e outros, para o Billi em especial.

Dia qualquer, vendo Renata se afastar quando acabara de chegar, foi atrás dela. Conversaram 10, 20, 57 minutos e 12 segundos, cronometrados mentalmente pelo Billi J.. Voltaram abraçadas, rindo, sorrindo como se fossem velhas amigas. Billi não entendeu. Mais uma vez. Como todos que há haviam percebido a repulsa de Renata por Ver...digo, Vic. Chegando perto de Billi, separaram-se. Renata foi para algum lado e Vic foi falar com Billi.

Conversaram, mas dessa vez o Billi J. não conseguiu se concentrar no tempo, apenas naquele sorriso, naqueles olhos, naquela... namorada do filho do prefeito?! Billi J. não tremia mais, não sentia mais frio. Pelo menos não pelo sentimento de outrora. Namorada do filho do prefeito? Primeiro perguntou a Vic... agora Verônica, porque estava contando a ele aquilo. Não conseguiu disfarçar o... ciúmes?. Não, não conseguiu disfarçar. Verônica riu. Disse que... bom, ela disse isso:

- Billi, você é um menino muito legal, muito querido, mas você não pode se apaixonar por mim. Primeiro porque eu tenho um namorado, rico, que tem um carro. Segundo... bom, você é muito querido mas...

Não deixou-a terminar. Ser chamado de legal e querido no começo de uma frase sempre indica que você é um idiota e não serve para a outra pessoa em questão. Billi J. estava certo, ser chamado de querido era o fim. Porém não chegava ser chamado de legal e de querido para aliviar o peso do... bom, Billi J. pode não ter dito nada, mas como todos os outros, sentia uma forte atração por Verônica. Não podia negar isso, nem quando lembrava que...

...Renata. Céus, como pode...

E saiu correndo, atrás da sua amada. Daquela que sempre saía de perto quando Verônica se aproximava dele. Por que será que a Renata...

Renata!

Um comentário:

Maria disse...

haahahahhaha
que legal, Vini (: