domingo, 10 de outubro de 2010

O vazio de viver e só (20)


As pessoas dizem que água insistente fura pedra dura. Que a vida é feita de frases, de momentos, de fases e de pessoas. Que felicidade é o caminho e não um destino. Que um gesto vale por milhares de palavras. Que isso e aquilo. Do começo ao fim. Da alegria à tristeza. Dizem tanto que nem pensam mais no que estão dizendo. Apenas falam, por acharem certo, mas não vivem de acordo. Não sentem de acordo. Não idealizam ou sonham de acordo com o que falam, ou pensam estar falando. Nem sempre com má intenção, mas quase sempre com falta de um complemento para a intuição. Grande bobagem nem tão boba, nem tão prejudicial, nem um pouco significativa para quem fala, mas quem sabe muito para quem ouve. É preciso coragem para deixar de ser esse faz de conta e passar a ser uma realidade, uma promessa. Para deixar de ser muito mais do que palavras, do que verbos e intuições. Por costume, solidariedade ou... sei lá. Palavras explicativas cansam, às vezes. De poços profundos à redenção ligeira e efetiva, como uma boia, sem acento agudo, que é aberta no fundo do mar, emergindo rapidamente à superfície, deixando a escuridão e a pressão fortes que jogam cada vez mais para baixo. Uma emersão muito significativa, por si e, no fim do pensamento, para todos em torno. Prender a respiração por alguns abraços, algumas palavras, lidas ou ouvidas, alguns sorrisos e muita, mas muita vida. Não como explicação para tal feito, mas como justificativa. Há forças que ninguém explica estando longe dos olhos do Ser. Depois disso, tudo o que vem é alegria, é sorriso, é recompensa. Calçados fortes para aguentar caminhos difíceis, óculos novos e uns bons tapas para acordar e ver que o viver é muito mais intenso do que se vive quando se pensa em explicar tudo que acontece. Talvez nem eu entenda ao certo todas as explicações, mas sei que a justificativa é muito mais do que justa, é sincera e espontânea. É real e feliz. É amor, amizade. É felicidade. Porque não há sonho que não possa ser realizado quando se tem uma justificativa como a minha. Ontem, sexta, hoje e em todos os dias, passados e, sim, futuros. Uma justificativa muito extensa. Muito espontânea. Muito sincera.

Muito feliz.

*não há mais razão para continuar, ao menos enquanto, pois ao vigésimo texto, 
a certeza estrondosa do fim de um vazio que não existe mais há tempos, 
mas que custou a ser visto como simples inspiração para escrever 
e era confundida constantemente como realidade, 
vista hoje e há algumas semanas, como irreal. Literalmente.

Um comentário:

Miguel Scapin disse...

não li esse texto
sério
quero comentar o texto posterior a esse, que você não quer comentários
foi genial
deixou seus sentimentos fluir, sem auxílio das letras
são puros
deixe-nos comentar
é bom