segunda-feira, 4 de outubro de 2010

O vazio de viver e só (18)


Cansado da espera, do ontem, extasiado do tédio que essa espera traz. Mais todas aquelas palavras comentadas que não levam a lugar nenhum, tampouco algum. Variação imediata de opinião que definição, com mais dois ou três ãos, não trará. Confus...ão de verbos e palavras e adjetivos, qualificativos ou desqualificativos que induz ao erro de achar que não há nada a ser dito. Nada a ser escrito. Nada há de sentir quem escreve, tampouco quem lê pelo que lê. Diferença que não faz sentir ou não, aqui, por aqui ou por lá. Quem entenderia essa miséria? Tampouco um cego, tendo tudo isso lido para si entenderia que não há muito o que dizer, além de que a culpa não é do cansaço, não é do tédio, não é da falta de vontade, do desgaste ou da longínqua lembrança que fora muito refrescada apenas pela visão. Até um cego veria que a culpa é da espera. Complexa, irritante, pavorosa e necessária?! Sem tempo definido, de começo ou fim. Sem tempo no meio de tudo, de nada, lá ou aqui. Tempo de espera. Olhos que esperam. Barriga que faz tremer de frio feito futuro morto à beira do precipício ou caroneiro em descida acentuada. Pensamento que voa. Feito pássaro bobo, sem saber para onde ou porquê vai. Feito comparação idiota. Feito essa. Ou esta. Talvez já aquela. Vida de esperas covardes, que nem sempre trazem o que intuem. Antes disso fazem o comodismo aparecer. A vontade desaparecer. Ilusões ou desilusões surgirem como barro em dia de chuva. Não quisto, mas esperado, perceptivelmente esperado. Mais uma vez, espera. Que vence pelo cansaço, pela tristeza, pelo comodismo e, algumas vezes, a subsequente vontade de mudar tudo de uma vez. Só. Toda a vida. Todo o olhar. Toda a espera. De um lado para outro. Impaciente. Irracional. Covarde e cômodo.

Como o pássaro bobo que voa para onde o vento leva.


*não há tristeza aqui, hoje, pelo contrário.
Esse texto não passa de uma constatação da situação presente e da clara, 
porém muito bem contida impaciência. 
De qualquer forma, 
não há mais como errar nesse mesmo ponto impaciente 
que já lateja em uma mente que já não se importa tanto assim em esperar. 
Sete que passou a ser três, ou dois.
Dias, meses ou anos.

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