domingo, 3 de outubro de 2010

O vazio de viver e só (17)


Trabalho, determinação e capacidade natural ou adquirida, como preferirem ou possuírem. Isso define a vitória, o vencedor, o campeão. Sendo competição ou não, vencedor é quem alcança o objetivo, concretiza o projeto ou mais vezes coloca a bola no fundo do gol. Que diferença faz todo o trabalho, a determinação, o empenho e a capacidade quando o resultado não vem? Quando o sonho fracassa? Quando a bola não entra? Nenhuma. O mundo não gosta de perdedores, de quem fica em segundo lugar, de quem luta até o fim e morre na praia, à beira de um oceano de lágrimas mais amargas ainda pelo sal grosso da derrota. Sal que, de tão ruim, nem os males consegue espantar, considerando a mentira de que superstições existem baseadas na realidade. Você não alcança, não realiza, não concretiza. Você é um fracasso. Cai no esquecimento. Suas palavras, seu exemplo de dedicação, sua boa vontade, seus bons valores. Nada disso importa quando você não vence. Quando você não é o primeiro. Não é o único. Não é um campeão. Nada importa quando você não confirma a verdade da sua vida, do seu sonho, do seu trabalho. Fraqueza é sinônimo de derrota. Confiança é sinônimo de vitória. Isso também não faz diferença se você, confiante, erra e o outrora fraco acerta. A vida é injusta ainda mais quando se pensa assim. Que erro único faz perdedor. Se fosse verdade mesmo, todos seríamos perdedores, pois todos erramos todos os dias, sem exagero. Falhamos, por sermos limitados. Embora sejam assim, um fracasso diário por erros, pecados e derrotas, buscam e exaltam as vitórias daqueles que fingem que não erram, que não pecam, que não perdem. Exaltam quem finge ser vencedor, por inveja. Inveja que impede de ver que não há vencedores para serem exaltados.

Ou melhor, não há perdedores para serem humilhados. Se a grama do vizinho fosse mais verde mesmo, por que ele ficaria o tempo todo olhando por cima da cerca, para a sua? Para rir de você ele não precisaria ficar olhando para você, se fosse mesmo um perdedor. Porque vencedores não olham para baixo, não olham para trás, não olham para perdedores.

Vencedores, nessa banal visão popular, não existem. Pelo menos são poucos os perdedores que conseguem vencer essa limitação e concluir isso.

*sono

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