domingo, 27 de junho de 2010

Histórias do Billi J. - Todos os caminhos levam à Roma. Ou melhor, à porrada.



Mais uma vez relembrando os velhos tempos de criança do Billi J., paramos no ano de mil novecentos e lá vai cacetada, em um dos maiores escândalos de arbitragem da história do futebol.

Era um torneio inter-série do colégio onde o Billi J., na época com 7 anos, estudava. Só que, como vocês bem sabem, o Billi J. nunca foi um grande futebolista, embora volta e meia acertava uma bola no ângulo do portão de sua casa. Só que treino é treino e jogo é jogo, em uma linguagem bem futebolística. Pois é, dada uma certa falta de habilidade, que só seria desenvolvida anos depois, e também falta de massa tamanho, uma vez que o Billi J. era baixo, franzino e usava óculos, o Billi J. foi escalado para apitar o jogo que decidiria qual das equipes da sua sala disputaria o campeonato.

O Billi J. gostava de futebol, mas não entendia muito as regras. Também a sua falta de tamanho seria prejudicial já que seus colegas eram todos maiores do que ele. Outra questão levantada foi o porquê de o professor de educação física ou a professora da turma não terem apitado o jogo. Dias depois surgiram boatos de que os dois tinham um caso, mesmo que ambos fossem casados, fato que foi confirmado após outros dias, gerando uma confusão na cabeça dos alunos, já que o filho da professora era colega do Billi J.. Sem mais enrolação, o Billi J. pediu para sua mãe pintar faixas verticais finas em uma camisa branca velha, recortou, pintou e montou cartões, até colocou as... bom, chuteiras não porque o torneio era de futebol de salão.

E aí? O dia chegou e o primeiro jogo seria qual? Exato, o apitado pelo Billi J.. Então as arquibancadas estavam lotadas já que a lista de presença só era passada depois do quinto jogo. Todos estavam lá para assistir ao jogo, pensou o Billi J., então ele teria de ser um bom árbitro.

Passou tempo e tal, Billi J. apitou e o jogo começou. Menos de três segundos e um dos jogadores do time com os coletes pretos deu um chute na canela de um adversário. Falta bem marcada pelo Billi J. e cartão... opa, muita reclamação por parte do time de colete preto, que faz pressão severa sobre o árbitro nanico. Os narradores da rádio do colégio já comentavam "esse árbitro não tem o controle do jogo". Pobre Billi J., esse era o começo apenas.

Cartão confirmado pelo fato de a maior pressão exercida ter sido a do time que jogava sem camisa. Jogo continou e a pancadaria comeu solta. Mas também burra a professora que separou os times de acordo com as 'gangues' da sala. Ah, vocês sabem, crianças querem mais é montar gangue, pegar um pedaço de pau e fazer de conta que é uma arma, ter um cumprimento secreto enfim, coisas desse tipo. O pau comeu solto no jogo, era chute para lá, soco para cá e o Billi J. marcando, ou tentando marcar o que desse.

Bola chutada, goleiro segura em cima da linha, jogador do time que chutou a bola dá um soco no Billi J que aponta para o centro da quadra, é gol. O comentarista da rádio aos berros "esse juiz precisa de óculos", ao passo que uma colega do Billi J. respondeu ao comentarista "ele precisa mesmo de óculos, não deixaram ele apitar com os seus".

E mais quatro gols ilegais foram assinalados, sendo dois marcados com as duas mãos, como em jogada de basquete. Dois gols legais foram mal anulados, escanteios revertidos em tiro de meta, e vice-versa. Tudo pela pressão que os grandalhões dos colegas do Billi J. exerciam. E nem um professor fazia coisa alguma. Eles até fizeram um bolão "quem baterá mais no juiz?", mas esse foi anulado por empate técnico, pois o Billi J. apanhou parelho, dos dois lados.

A sua escalação como árbitro indicava que seria algo complicado demais. Só que o Billi J. não pensou que fosse apanhar tanto. Jogadores de ambos os times acertavam socos e pontapés no Billi J. sem bola. A situação dele só piorou quando resolveu expulsar um jogador por repetidas faltas, uma vez que este já tinha cartão amarelo. Aí o Billi J. foi pressionado e cancelou o cartão. Aí depois confirmou. Cancelou, confirmou, e por aí vai.

Ninguém até hoje, nem mesmo os repórteres que estavam fazendo a transmissão para a rádio do colégio sabem dizer se o tal jogador foi expulso mesmo. Nem sabem dizer de qual dos dois times era.Também não sabem por que alguns torcedores, de séries mais avançadas, entraram em quadra para ajudar a bater no Billi J. E sequer sabem dizer como foi que o Billi J. arrumou carona quando jogadores dos dois times se uniram e correram atrás dele para bater-no mais.

O Billi J. decidiu que aposentaria seu api... bom, apito, só que o apito do Billi J. sumiu no tumulto. Decidiu também que jamais praticaria algum esporte que não fosse o xadrez. Claro, depois de duas ou três semanas para recuperar-se dos machucados.

Um comentário:

Jééh disse...

kkkkkkkk, pobre Bille ^^