sexta-feira, 21 de maio de 2010

Histórias do Bandiolo - Plano imperfeito. Felizmente imperfeito.


A menina escolheu o outro. Mais jovem, mais simpático, mais engraçado e com uma aparência melhor, mais atrativa. A menina o escolheu por isso, ou por nada disso. Sem sentimento, apenas aparência, o que ela negava. Esse não era o problema. Ela achava que ele, o outro, o mais jovem, era príncipe, era rei, era tudo que pudesse representar o máximo no meio dos mínimos. O outro que não o mais jovem era passado, aliás, nunca fora passado.

Ele, o outro, o mais velho, decidiu vingar-se. Não passou pela sua cabeça agressão física ou retaliação verbal ou de qualquer outra espécie. Não mesmo, isso era para os fracos. Sequer reclamou. Mas jurou, para si mesmo e para um mendigo que ouviu seus lamentos que iria vingar-se, que iria dar o troco naquele idiota que tanto fez para conseguir tirar o que era seu. Aquela que era sua. Idiota, só pela aparência. E ela, boba, ingênua, iludida com promessas, que assim como as políticas, jamais serão cumpridas.

Pensou, refletiu, perguntou ao bêbado quando encontrou-o novamente na praça tomando cachaça mas nada o ajudava. Era o mau sentimento, era a maldade na ação, na intenção, só podia ser isso. Castigo por querer vingança. Ainda assim não desistiu. Ônibus, carro e bicicleta, de todos os jeitos andou, buscando inspiração. Até pensou em atropelá-lo, mas não seria o suficiente.

Um dia, voltando para casa aos chutes em pedrinhas, encontrou a sua vingança. Ou melhor, quem o ajudaria a vingar-se. Pior do que essa vingança seria arrumar um jeito de fazer crescer chifres morais em sua cabeça ou tirar sua pose de galã atlético na frente de seus amigos, igualmente filhinhos de papai que não sabem diferenciar um ovo de galinha de um ovo de pata.

Não precisava chegar a tanto. Não seria uma vingança tão grande mas, como dizem por aí, pegar a irmã dele seria uma grande obra. Uma grande vingança. E uma grande sacanagem com a irmã em questão mas ele, cego, não importava-se com isso. Sedento por vingança, alucinado pelo sabor da gozação para com o tal sujeito. Ele não pensava em outra coisa, era o mínimo que poderia fazer.

Conquistá-la não foi difícil. Apesar de um olhar sério, tinha uma mentalidade infantil e um sorriso de criança. Era tão velha quanto ele mas não devia nada às menininhas, como era sua antiga paixão. Ele conquistou-a rapidamente, pois nem por um segundo aliviava sua carga cheia de raiva e más intensões para cima daquele quase doce de leite. Ela nem desconfiava. Ele cada vez mais se envolvia com a vingança.

Conseguiu. Conquistou-a, tomou-a por sua, sendo o estado civil qualquer um que não fosse solteiro. E jogou na cara do infeliz. Sim, um infeliz! Que foi ao chão de raiva quando viu que o ex de sua menininha estava tendo um caso, ou algo mais, com sua irmã! SUA IRMÃ. Desgraçado. Logo percebeu que era intencional, que ele não queria nada com sua irmã e alertou-a sobre isso. Ela, cega de amores por aquele poeta digno da fase romântica da literatura brasileira, não deu ouvidos ao seu irmão pirralho, idiota e que queria atrapalhar sua felicidade. Já ele, o homem vingativo, foi ao chão. Sua vingança foi alcançada e por isso cantava alto aos céus por sua vitória. Porém, passou a sentir irmã de seu, agora antigo, desafeto, que fora enganada

Sentia pena dela, daquela mulher com mentalidade infantil, sorriso encantador, simpatia sem igual, INFERNO! Fora enganado pelo cupido idiota, que lançou uma flecha de cima do seu ombro que acertou o coração dela. Cupido burro, guardasse para alguém mais... não conseguia completar a frase. Vingança que resultou em paixão e quem sabe até algo mais. Não pensava mais em ninguém, nem na sua antiga... paixão?, nem no seu antigo desafeto e agora cunhado, nem em nada. Seria impossível se não estivesse acontecendo.

Pensou em contar. Desistiu. Não poderia mais viver sem ela. Mas era sincero, precisava contar. Nunca seria perdoado, então recuava em sua intenção. Questão de caráter, muito mais do que de verdade ou lealdade. Más intenções que resultaram no sentimento dos sentimentos. Incrível seria se não fosse visto, concluído, sentido. Seria qualquer coisa que não acontece se não tivesse acontecido.

Raios o partissem, mentia para seu amor quando dizia que a amava? Não, não mentia. Agora. Antes mentia, mentira, e muito. O começo, o fim. Algo justifica? O presente justifica o passado? Não era para ser assim, então não havia justificativa. Injustificável, isso era. Entretanto, não poderia ser perdoado pelo arrependimento... arrependimento? Concluíra seu plano original. Seria um canalha completo se não a amasse tanto agora...

Não sabia mais o que fazer. Foi falar com um grande homem. O bêbado. Entre um gole e outro, eles brindaram à vida, às mulheres e ao Esporte Clube Rio Grande. Brindaram às maravilhas de Deus, dentre elas as morenas voluptuosas e as loiras de olhos azuis. Brindaram com goles no bico da garrafa, de plástico, daquela cachaça vagabunda. E o bêbado disse-lhe o que deveria fazer, e ele, o ex-vingativo e agora apaixonado, fez.

6 comentários:

Taw disse...

Hum... que bom que tudo terminou bem... xD

:P

Tati Lemos disse...

Oi, desculpa ando meio sem tempo para visitar aqui, mas quando venho vejo que está tudo bem e que vc continua postando essas coisas legais

Bj

Jééh disse...

oi Vinícius, nossa cara impossível não sentir os teus textos :S

e a trilha escolhida muito boa mesmo, vc começa a ler e tem anciedade em saber como vai acabar, mas ao mesmo tempo vc quer que prossiga, pois estar envolvida pela a trama, vc nos prende diretinho aqui hein ^^

acho até devias mudar o nome do blog, pois de maluco vc não tem nada, és sim um malandro e muito esperto. fico boba toda vez que tenho que passar por aqui ^^

beijos desta pessoa que já à um tempo é sua fã, Jéssica
:**

Unknown disse...

apenas...

não pare de escrever

...jamais.

=)

Alvaro Bigode disse...

Show o blog, interessante o texto, gostei mesmo.

se puder visitedepois

www.culturalizado.blogspot.com

Anônimo disse...

Por que nao:)