domingo, 30 de setembro de 2012

Pedaços de um pensamento (57)

A maior parte dos pequenos erros, no fundo, nada mais são do que o disfarce de um grande defeito, problema ou pecado.

É como se o defeito, pecado ou, como dizem por aí, ponto fraco, jogasse pequenos pedaços de alguma coisa semelhante a si para disfarçar-se. Então nos preocupamos com esses pedaços - muitas vezes minúsculos - e acabamos deixando o principal, o verdadeiro motivo da tristeza, decepção, enfim, de lado. Quando nos livramos do que é pequeno, acabamos nos satisfazendo tanto - e isso, creio, seja instintivo do ser humano - que nos acomodamos, esquecendo de continuar a lutar contra aquilo que deve, de fato, ser eliminado por completo ou transformado em virtude.

A motivação inicial acaba sendo dissipada por tudo o que é detalhe a atrapalhar essa missão de ser mais do que se é, em essência. É como se você pedisse o prato principal mas não tivesse mais fome quando ele tivesse chegado por causa dos pãezinhos que o garçom serviu durante todo o tempo de espera. Uma distração que custa caro, independentemente do restaurante escolhido.

Há, além da evidente perda de tempo, algo negativo nessa questão. A mente é incitada, desde cedo, a avaliar por quantidades. Quando se é pequeno, prefere-se ter dez moedas de um centavo do que uma de um real. Esse pensamento segue durante toda a vida da maioria das pessoas que contenta-se com essa quantificação por ser muito mais fácil fazê-la do que pensar qualitativamente. As moedas, claro, são um exemplo infantil. Na idade adolescente, pensa-se que muitos amigos são melhores do que um. No começo da vida adulta, vários parceiros do sexo oposto parecem ser uma escolha melhor do que apenas um - esse exemplo, inclusive, vem de um pensamento quantitativo, aquele que diz ' isso vem da maioria das pessoas'.

Os exemplos são vários. A maioria os escolhe por haver mais número aqui do que ali. Escolher porque é melhor, e não por dar uma impressão melhor, é difícil. Exige pensamento. Exige vontade. Exige dedicação. E exige deixar de lado os números que, sim, impressionam muito mais quando no plural.

Pensar por qualidade leva a querer o prato principal. A lutar contra o ponto fraco. Não evita, de maneira alguma, a necessidade de lutar contra os disfarces - por assim dizer - que esse defeito, pecado, enfim, assumem. Pensar, raciocinar, querer qualidade exige pensar que o número de barreiras vencidas seja inútil e supérfluo se não tiver sido derrotado também o maior dos problemas.

Muitos param quando percebem que venceram várias coisas. Várias pequenas coisas. Contentam-se com pouco porque logo em seguida outras coisas pequenas virão e, enquanto elas os distraem, aquilo que é grande e, de fato, forte contra si, ganha espaço, vence, derruba, machuca... e isso sem ser notado.

São ataques invisíveis do ator principal e a culpa recai sobre os detalhes dos coadjuvantes.

Felizmente, sozinho não posso vencer. É estranho porém sinto-me bem ao pensar que sou fraco demais para vencer um problema que é "apenas meu".

Recebi o Amor. Peço a Sua coragem, sabedoria, ciência e fortaleza.

Sozinho, de verdade, não consigo. Desisti de tentar. Preciso de ajuda.

Preciso da Sua ajuda.

Estou cansado de ir contra as distrações, contra aquilo que é pequeno e, no fim, inofensivo num todo. Quero lutar, com Você, contra aquilo que realmente me faz mal. Deixei de estar só quando decidi lutar?

Não.

Só posso lutar quando decidi receber a Sua ajuda.

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