segunda-feira, 19 de setembro de 2011

O vazio de viver e só (22)


Caminhei longos passos. Muitos passos. 

Por quase todos eles procurei uma música que pudesse encher meus ouvidos e, ao abafar meus pensamentos, trazer-me qualquer sensação que substituísse aquela momentânea.

Tantas foram os inícios de música que perdi as contas. Sinceramente, sequer comecei alguma contagem. 

Uma música começava e antes que pudesse desenvolver uma sonoridade clara, outra música começava.

Não era culpa de dedos inquietos, mania de mudança ou falta do que fazer.

Não havia culpa. Não há culpa.

Só não era de uma música em específico que eu precisava. Nenhuma música poderia transformar em sensação o que havia naqueles passos.

E o que há nesse silêncio.

Desisti de encontrar uma música, de trocá-las rapidamente para, de alguma forma, afastar a minha atenção.

Não é em uma música que está a sensação que eu procuro. Não é nas lágrimas ou nos sorrisos.

Há alguma coisa muito maior, que nenhuma sensação pode encobrir, disfarçar ou tomar a frente da minha vida.

Tampouco tem culpa, hoje, a sensação de incapacidade, de impossibilidade, de fracasso.

A série é longa, não seria hoje, justamente hoje, que tudo isso voltaria a representar algo.

Dizer que não sei ao certo o que aconteceu durante esses passos, naquela falsa busca por alívio através da música, seria mentir. Só que hoje acabei errando em pensar que poderia fazer com que não provocasse nada.

Não quero mais mentir. Cansei de mentir para mim com sensações, com teorias, com lembranças.

Isso pouco me alimenta.

Preciso de sentimentos.

*momento

2 comentários:

Zuzu disse...

Me encontro nesse momento dessa maneira pra ser sincera a vida inteira estive assim .Será que essa busca vale a pena?Acho que sim não é mesmo?Amei!!!

Rebeca Postigo disse...

=]
Gostei do que escreveste...
E da sinceridade explicita...

Bjs