- E aí seus medonhos! - disse, sorrindo, o Billi J..
Agora estavam todos reunidos. Todos os quatro, no caso.
- O que temos para hoje? - perguntou aos outros.
- Estou com fome.
Esse era o Rafael, pensando, quase sempre, nos prazeres básicos da vida, como comer.
- Eu também.
Luiz, vinte e dois anos de muitas bobagens feitas que demorou um pouco para perceber que amigos de verdade tinha poucos.
- Acho que todo mundo está com fome. Corremos que nem uns idiotas.
- Mas foi engraçado ao menos.
Esse, óbvio, era o Billi J. .
- Me lembre de cortar os pulsos antes de aceitar quase morrer correndo com vocês, de novo. - insistiu Douglas.
Todos riram.
- Então vamos comer logo que eu quero dormir cedo. - insistiu Rafael.
- Agora que você está solteiro não tem motivos para ir dormir cedo.
Todos riram.
- Mas o que vocês querem fazer, querem me levar para o mal caminho?
- Você já está no mal caminho, namorava a mulher que ama e agora está solteiro, quer caminho pior? - ninguém lembra quem disse isso.
- Diz o cara que esperou anos praticamente sozinho para namorar o tal 'amor da vida'.
Todos riram.
- Não fica tripudiando com quem está solteiro. - a voz da sabedoria do Luiz.
- Quando a Renata ainda tava bem longe vocês ficavam soltando piadinhas, rindo da minha cara e dizendo que eu, pai, só se adotasse uma criança, é a minha vingança.
Ninguém riu.
O silêncio imperou.
O clima pesou.
Eles se olharam.
Então riram.
- Terminar o namoro foi uma escolha sua, pelo que você disse.
- Ela era muito ciumenta, não podia sair com vocês que ela já perguntava onde íamos, como íamos, com quem íamos, quando voltaríamos, o que iríamos fazer.
-Todas nos enchem de perguntas.
- A toda hora, a toda ação e, se pudessem descobrir o que pensamos, nos fariam perguntas a cada pensamento.
- Não esqueça de cada olhar, você olha para o outro lado da rua procurando uma loja e elas já te cutucam perguntando por que você estava olhando para a bunda da atendente da farmácia. Detalhe: a atendente da farmácia estava dentro da farmácia, atrás do balcão e a única coisa que se podia ver da rua eram caixas de pasta de dente.
- Sério isso?
- Claro, fatos verídicos.
- A toda hora, a toda ação e, se pudessem descobrir o que pensamos, nos fariam perguntas a cada pensamento.
- Não esqueça de cada olhar, você olha para o outro lado da rua procurando uma loja e elas já te cutucam perguntando por que você estava olhando para a bunda da atendente da farmácia. Detalhe: a atendente da farmácia estava dentro da farmácia, atrás do balcão e a única coisa que se podia ver da rua eram caixas de pasta de dente.
- Sério isso?
- Claro, fatos verídicos.
- Ei, o assunto é comigo, a reclamação é minha agora!
Todos riram.
- Fala então.
- Valeu Billi. Eu ia dizer que a Andresa era pior. Sempre achava que eu tava saindo com outra pessoa, que tava traindo ela. Três anos de namoro e não confiava em mim mesmo que eu nunca tenha dado motivos para ela desconfiar. Eu me sentia uma bosta de homem com isso.
- Você é um bostinha.
Todos riram.
Todos riram.
- Fala então.
- Valeu Billi. Eu ia dizer que a Andresa era pior. Sempre achava que eu tava saindo com outra pessoa, que tava traindo ela. Três anos de namoro e não confiava em mim mesmo que eu nunca tenha dado motivos para ela desconfiar. Eu me sentia uma bosta de homem com isso.
- Você é um bostinha.
Todos riram.
- Rafa, claro que, também, dar carona para uma mulher que tem fama de garota de programa não tem nada a ver com o ciúmes da Andresa.
Todos riram.
- Douglas, você sabe que eu não fiz e nunca faria nada enquanto estivesse namorando né?
- Claro que não, só não quero falar de assuntos sérios enquanto estiver com a camisa molhada de suor e os pés cheios de lama.
- Vamos tomar banho e depois comer.
- E depois?
- Tem baile de formatura hoje, eu posso consegui ingressos.
- Claro Douglas, você conhece todo mundo nessa cidade, como não teria ingressos para uma simples formatura de... de que?
- Mas você é mesmo um grande filho da mãe, Douglas. Arruma um baile de formatura no dia do último capítulo da novela. Como que eu vou assistir o último capítulo da novela se tenho que ir no baile com vocês?
Todos riram, muito.
- Tá, é formatura de que curso?
- Sei lá, só sei que tem baile.
- Não tem muitas opções de curso nessa universidade medonha.
- É, são só sessenta e sete cursos, entre técnicos e superiores.
- Como você sabe?
- Li no panfleto que tá ali. - apontando o dedo para a parede.
Todos riram.
- Fechado então, vamos para o baile afogar as mágoas.
- Luiz, ainda guarda mágoas da Mari?
- Eu sempre guardo mágoas, de tudo e de todos.
Todos riram. Sabiam que ele estava brincando.
- E eu não estou brincando, guardo mágoas até de vocês.
E riram novamente. Ele estava sim apenas brincando.
- Estão achando que é brincadeira né?
E era.
- Então vamos logo que eu estou com fome.
Saíram.
(...)
Saíram.
(...)
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