terça-feira, 6 de setembro de 2011

Pedaços de um pensamento (25)


Hoje acordei com vontade de dizer que me cansei do silêncio e que um grito não à toa seria fundamental para dar sentido a um dia que ainda não tinha começado de fato. Pensei bem, fiquei calado e por um longo tempo permaneci assim.

As gotas escorriam pelo vidro embaçado, os raios solares lá fora pouco conseguiam fazer com que franzisse minhas sobrancelhas. Escrever sobrancelhas é estranho, isso está certo?

Não pensei em palavras, não pensei em imagens, não imaginei estar escrevendo quando voltasse. Horas e horas depois aqui estou, quase saindo novamente para a parte final de uma rotina habitual que não traz alegria e nem sentimento de que tudo vale à pena, de que isso faz crescer, que é aprendizado para a vida e todas aquelas bobagens motivacionais de quem te conhece e acha que sabe como é viver de um jeito em que nunca viveram.

E não viverão em suas fases mais propícias a oscilações. Quaisquer oscilações.

Que não seja entendido aqui que ninguém sabe o que está acontecendo, que ninguém pode ajudar ou qualquer outro blá blá do qual usufruí algum dia para reclamar e esbravejar, sem finalidade inteligente, de um momento que parece demorar mais do que deveria.

Quando as gotículas da madrugada começam a escorrer no vidro pela manhã pode-se ter a sensação de que não haverá mais obstáculo para os olhos. Eles continuam em sua rotina de dor e não permitem que qualquer visão seja aproveitada. No fim, aquele embaçamento todo do vidro é uma desculpa para desviar o foco das palavras que não disse, do grito que meus pulmões não berraram e da mensagem que ficou na intenção.

Tão somente intenção.

Nada aconteceu porque nada fiz porém nada aconteceria mesmo que fizesse algo. Escrever, dizer, enviar ou apenas imaginar, nada disso fará com que tudo que é escrito possa ser tornado depoimento pessoal, palavras de quem não apenas sente, não apenas pensa, não apenas imagina. Mas sim, vive.

Seria contra alguma lamentação uma possível revolta, quem sabe uma luta, entretanto, não há razão para lamentos.

Aliás, não há razão.

Depois de deixar de lado sonhos, quem sabe sentimentos, deixar de lado razões é abdicar de quase tudo por... pelo que mesmo? 

Ah sim, pelas respostas de todas as perguntas que há meses atormentam.

Infelizmente ninguém sabe onde estão as respostas.

*Quanto às gotas no vidro, bom, elas desapareceram.

2 comentários:

Érica Ferro disse...

É estranho, porque eu acho mesmo que entendo um pouco das suas palavras subjetivas. Entendo e sinto. Acho que mais sinto do que entendo, o que também não é ruim, eu acho.

Rebeca Postigo disse...

Talvez...
Não é a busca por respostas que nos move, e sim, as perguntas...
Faça as perguntas certas e estas provavelmente lhe darão a resposta esperada...
Mas, isso é apenas um talvez...

Bjs