terça-feira, 27 de setembro de 2011

O vazio de viver e só (23)


Há algum tempo caminhava sobre uma linha de limite. Se passasse por ela, imaginava, estaria descendo ainda mais em um buraco de desilusões, tristezas, desamparo, desânimo e angústia. O temor de ir além de onde já estava, o que já é(era) muito, fazia com que cada detalhe que indicava a possibilidade da existência de um absoluto fim da esperança atordoasse cada escolha feita, cada palavra dita, cada desejo sonhado como se fosse o último. Entre tudo o que aconteceu - e não aconteceu - e tudo o que deixou de acontecer - e ainda assim aconteceu - havia alguns pontos de interrogação. Supus ter várias respostas porém, ironicamente, duvidava delas com intensa desilusão.

Durante esse tempo, respondi por outras pessoas a pergunta: "Você vê a mesma verdade que eu?" e, dificultando ainda mais a minha permanência na - já terrível - caminhada na linha de limite, o que obtive foram decepções. Não encontrar muitos 'sim' para uma pergunta que não saiu de minha cabeça poderia ser, então, o ponto limite nessa caminhada.

Há frases de desconhecidos que fizeram do hoje o ponto limite. Superei a linha que havia delimitado como limite de sanidade, possibilidade de sorriso e reconhecimento da vida como uma maravilha. Deveria, pelas suposições passadas, estar deitado no sofá pressionando uma almofada contra meu rosto - ou alguma atitude semelhante, igualmente idiota, desesperada e sem finalidade compensatória - na lamentação extrema proveniente da constatação de que, entre todos, estaria eu na pior das colocações - independentemente de qual lista estaríamos fazendo.

Escrevi em primeira pessoa para concluir, depois de pouca clareza, alguma subjetividade e nenhuma descrição clara, que, bom, mesmo ultrapassando um limite sob o qual acreditava estar caminhando - com um medo infantil de dar um passo adiante - não sinto a (ignorante) necessidade de tomar alguma atitude contra a minha mente, o meu corpo ou mesmo a minha alma. Também não me conformo com o popular 'a vida continua' pois, embora seja verdade, é conformista demais.

Paro e lamento, sofro com uma tristeza monumental entretanto, ironicamente ou não, agora sinto-me muito próximo de uma linha exponencial pela qual, provavelmente, caminharei para novidades. Não sou um vencedor por ter superado um limite (negativo) e ainda estar tranquilo. Se ainda conseguisse, talvez estivesse olhando para fora perguntando, para Céu e mundo, "por quê?".

Tudo isso é tão... estranho que não consigo direcionar as palavras para algum lugar. Elas estão aqui, comigo, apesar de tudo o que deveria levar-me a destruí-las na minha simples forma humana. Guardadas incondicionalmente aos pensamentos, aos limites e às novidades.

Guardadas pela eternidade limitada da minha vida humana.

2 comentários:

Passos silenciosos disse...

Um encanto passar aqui e me deparar com sentimentos, palavras e vida..por trás de cada texto.

Bom fim de semana..bjos no coração...

Calcanhar de Aquiles disse...

O "vazio" e a "solidão" têm sido protagonistas na atualidade.
Tantas perguntas, respostas insuficientes.

Muito bacana o uso que faz deste espaço.
Abraço do amigo "Calcanhar".
http://soucalcanhardeaquiles.blogspot.com