sexta-feira, 8 de abril de 2011

Pedaços de um pensamento (13)

À mente o que faz arder, não os olhos mas o que sente. Pequenos vestígios de um vago espaço, longínquo e supostamente impossível, ao menos improvável, de ser alcançado. Como uma frase que não dita leva à morte, morre um pouco a cada pensamento por possibilidade, raramente concreta, da existência do dizer. Pelos cotovelos fala-se o normal que vira banal, o aceitável agora desnecessário. Insensatez de dizer aquilo que é, sendo ou não de verdade, por senso comum, por consciência ou hábito. Sandices da modernidade futuramente antiquada. Que virá depois? Próximo do exagero não estaria se previsse ser o exagero o ponto futuro que no presente é o banal. Não seria de todo o certo, vez que hoje o exagero toma forma em palavras agressivas, sujas e desnecessárias, exaltando o menor dos males como a pior das dores. Puro senso comum. Ou próprio de cada um? Rimas, idiotas como sempre foram e assim o serão enquanto existirem obcecados pela transformação do indescritível em palavras, do sincero em versos, do amor em rimas. Quanta bobagem, quanta pseudometáfora, aqui sem hífen, em verdade uma incógnita inútil, como a bobagem de escrever por querer dizer que enquanto assim for, maldita rima, será como dor. Ou com? Dúvida ainda mais inútil, ainda menos significativa. Cada vez mais longe de tudo que se quer e não se recebe. Cada vez mais longe da certeza de que parte de dentro o querer e que, esse, é inútil quando não vem de pensamento, mas sim de outro lugar, um pouco mais pulsante.

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