quarta-feira, 28 de abril de 2010

Histórias do Billi J. - Eu era, eu sou e sei que serei


Dos tempos da faculdade, o Billi J. traz à tona sempre o dia em que passou a dar valor para tudo o que havia feito. Ou seja, essa história ocorre antes disso e depois disso(p1, p2, p3, p4).(clicando nos disso você vai para as respectivas histórias e blábláblá)

Recém entrara na faculdade, longe do amor, do seu amor, da sua Renata, separado dela por uma distância que ultrapassava o gigantesco, sozinho. É, sozinho, pois seu irmão não contava, uma vez que era pirralho bobo e nada sabia, nada entendia, a não ser sobre tortinhas de baunilha, circuitos elétricos, video-games e a vizinha da frente. Que porcaria. Sozinho, muito embora essa fosse uma constante da sua vida, antes de Renata, e durante o período que esteve perto dela(e, arrependimento maldito!, longe simultaneamente). Sozinho. Sozinho. Sozinho.

Não era a sua essa história de festas. Para ser sincero, o Billi J. admitiu que a primeira festa em que foi, por vontade própria, foi aquela em que ele deixou de ser um menino e passou a ser um homem(frase dita por Michael Jordan e adaptada pelo próprio Billi), entregando e explicitando todo seu amor por Renata... ah Renata. A imagem daquele paraíso em forma feminina, daquela, agora, mulher com o jeito angelical e puro de menina, ah Renata, Renata. E como seus cabelos balançavam enquanto ela caminhava, como seus olhos brilhavam quando estava feliz...

Mas a vida era outra. E o Billi J., como eu já disse, estava só. Sentindo-se só. Odiava aglomerações e só não era antissocial por completo porque frequentava faculdade, supermercado e banco. Bom, uma vez ou outra a padaria, já que os brigadeiros daquela portuguesa com sotaque russo eram fantásticos. Ãhn, onde estava? Ah sim. Solidão, Billi J., antissocial, é, por aí.

Sem vontade, quase desistindo do seu ainda não sonho profissional, o Billi J. queria dar um fim nessa situação. Era a última vez que passaria por aquela situação que, se não era péssima, beirava o insuportável apenas. Não que fizesse alguma diferença, uma vez que o Billi J. não queria mais aquilo. Sentia-se só, estava só. Só, só, só. Só solidão. Solidão do cão que vê os donos abandonarem a casa por não pagar o aluguel. Um pouco forçado, mas não deixa de ser.

Durante o caminho, começou a lembrar da sua infância. Crianças brincando. Uma mais afastada. Deveria ser ele. É, era ele, pois era uma criança franzina, usando óculos, longe da maioria, sentada em um banco comendo a merenda e olhando para o céu, imaginando quem sabe um dia ser astronauta. Sonho de criança que o Billi J. nunca realizou. E viu naquela criança a melhor lembrança. Sempre fora diferente, sentira-se diferente, distanciava-se da maioria. Distante da maioria. Sempre e sempre.

Essa tônica desde cedo havia desgastado o Billi J. como ser humano por si em sociedade. Não pensava em mudar, apenas em como seria se não fosse tão diferente, tão estranho, tão distante da maioria. Como seria se gostasse da maioria, de conviver com a maioria, com suas generalizações e banalizações, com falsas verdades, sonhos e sentimentos ilusórios. Não, deixa para lá. A lembrança daquele menino, de si mesmo quando criança, bastava para perceber que poderia ser e viver sendo assim, desse jeito estranho.

O menino se foi, ficou para trás como se fosse parte do passado. E não deixava, mesmo, de ser apenas passado, embora muito daquele menino continuasse no Billi J. do hoje. Depois do menino, veio a lembrança da quarta, quinta ou sexta série. Não soube ao certo qual daqueles anos viera à tona na sua mente, em uma vaga mas desejada lembrança. E a permanência da diferença, agora com as brincadeiras estúpidas por parte dos outros, o menosprezo de alguns por seus ideais e convições politicamente corretos, algo difícil de manter nessa idade. O... amor. Bom, isso se resume à Renata. Nessa época já havia descoberto seu amor por ela. Já sentia o coração quase explodir em pulsações sentimentalmente sinceras. Bom, era melhor nem lembrar dela agora.

Junto com o desejo de não lembrar mais do começo de seu amor pela Renata, foi-se embora a imagem do Billi J. pré-adolescente. Como se fosse um melhores momentos, veio então a temida, mas igualmente bem-vinda, lembrança do ensino médio. Tão mais próxima do presente. Tão mais intensa, tão mais vivida. Amor e ódio, a raiva e a felicidade, a espontânea risada e os incontáveis e indescritíveis sorrisos da Renata. Ah, só pensava nela. todas as suas lembranças traziam ela consigo. E mesmo nessa retrospectiva indireta e de certa forma incontrolável, ela estava onde devia estar, onde havia estado de fato no passado do Billi J..

E do passado para o presente, longe, distante. Da felicidade que surgiu daqueles poucos momentos de intensa vivência daquele amor para a tristeza e a dor da distância, da ausência, da perda. Renata. E por ela veio tudo o que de bom conseguira fazer. Tudo o que de melhor conseguia demonstrar. Por ela, e consequentemente por si mesmo. Louco, percebeu que o ônibus havia chegado na universidade. Não teve que abrir os olhos, pois não havia dormido.

Já não sabia se tivera mesmo as lembranças ou se apenas vira em uma escola para crianças, uma de ensino fundamental e a outra de ensino médio, alguém que representava a si em tempos passados. Dúvida indiferente, pois a lembrança ou a visão lhe trouxeram vontade.

Pois a partir delas, vistas ou pensadas, voltara a sentir orgulho de sua constância e da sua persistência com suas convicções e ideais. Estava só sim, longe dela, mas e daí? O amor era o mesmo. Ele era o mesmo.

E aquilo, certamente, era um ótimo motivo para continuar, pois ele era se não tudo, pelo menos uma boa parte, do que queria ser.

5 comentários:

Jééh disse...

Billi hoje estar como a maioria de nós, olhando pro tempo sem saber como viemos para aqui, e mesmo assim continuamos a encará-lo

k. Ferreira disse...

^^

adoro seus textos... Billi J. me lembra muito uma pessoa que conheço!
bj obrigada

Mulher na Polícia disse...

Ummm...

O Billy J. é você!!!
Não, claro que não é apenas um personagem.
Fica entre nós.

Beijinho!

Amélia Ribeiro disse...

Olá Vinicius!

Ainda que não sigas o meu blog, há lá um presente que quero partilhar contigo... dessa forma quero que participes da minha alegria... se o desejares leva-o... ficaria muito feliz...!!!

Um beijo.

Alma Inquieta.

Rebeca Postigo disse...

Suas estórias do Billi J. são ótimas...
Sempre remetem a algo que nos faz pensar...
Gostei desse!!!

Bjs