terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Histórias de Bergamota (17)


Sem saber ao certo o porque, parei. E toda a dor veio à tona. O que antes pareciam leves arranhões agora eram, de fato, espinhos que perfuravam meu corpo. Poucas vezes senti tanta dor, tanta vontade de gritar, implorar por socorro. Tentava continuar, mas parecia em vão. Ir em frente, seguir o caminho que estava percorrendo, a missão a que tinha colocado-me à disposição. A dor aumentava a cada movimento, a cada indício de que continuaria independentemente da dor. Quanto mais doía, porém, maior era a vontade de alcançar meu objetivo, de desfrutar da vitória, da grande vitória após um longo e imenso sofrimento. O que vinha de fora machucava de um jeito único, imenso, porém não conseguia ser maior do que o desejo de satisfação, de dever cumprido. Era o meu objetivo, mesmo que cada vez mais sentisse dor. E como a dor aumentava a cada movimentação do meu tecido muscular.

Mesmo com tudo, e todos, querendo me derrubar e me tirar dali para evitar que sofresse ainda mais, não podia desistir. Não agora que faltava tão pouco. Para eles tudo seria em vão e, mesmo que conseguisse, não valia todo o esforço, toda a dor. Mais importante do que receber ajuda, do que perceber que outras pessoas se preocupam com o meu bem estar, seria saber que me apoiam independentemente do que estou tentando fazer. Pensando bem, não é muito racional nada do que está acontecendo. Talvez tenham razão mas...

Consegui. Optei e, a minha determinação, me fez conseguir. Cheguei ao topo. Estiquei o braço e peguei a bergamota mais alta do pé, a que mais recebe os raios de Sol e, por isso, a mais doce. Descasquei ali mesmo, em meio aos espinhos, em meio à dor. O sabor da vitória era doce.
E a bergamota também.

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