sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Um desconhecido


Abro as páginas dos jornais, nada prende a minha atenção. Ligo a televisão e troco de canal, nada me interessa. Há certa semelhança com dias que nada parecem trazer, horas que passam sem deixar qualquer resquício de lembrança. É como uma faca sem fio, que pode até machucar mas não deixará cicatriz. A dor passa a ser nada, sequer lembrança de um dia ruim. Pois afinal de contas, qual a diferença entre os grãos de areia? Juntos são significativos, separados, praticamente iguais, todos insignificantes perto de um todo. Dos dias, da vida, dessa passagem desanimadora do tempo que não deixa marcas, onde está o significativo? Escondido no meio dessa proteção às avessas, paredes, grades, muros ou fossas que limitam passos, limitam olhares, limitam vida, viver, até mesmo sonhar. Significativo preso, amarrado, escondido. Não querem que ele seja visto como sentimento, como sinceridade, como palavra. Não querem que seja percebido, por isso o isolamento, a proteção mentirosa. Sem razão, sem lógica, sem coisa alguma. Perdido de vista como palavras aqui. Ontem, hoje e, se surgirem, amanhã. Perdido como qualquer saudade, como qualquer lembrança, como qualquer amor.

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