terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Reflexões de um maluco (13)


Uma soma de singnificados que dizem tanto quanto nada. Ficar calado seria uma boa opção porém inviável. Não é a boca que fala, é a mente. Cale sua mente se for capaz. Mande seu coração parar de bater então, pode ser? Essas vozes não calam, você pode apenas ignorá-las, fingir que são um nada. Possibilidade inescrupulosa, talvez conveniente, mas insensata. Não que ouvir algumas batidas e outros pensamentos seja muito sensato, é claro. Como claro é o entendimento da explicação de tantas outras coisas. Cordas prendem mãos, pés e o resto do corpo. Cordas permitem um andar limitado, pois alguém as puxa, faz delas instrumento para impedir passos ou qualquer outra coisa. Não há como pensar quando estou sendo sufocado por cordas que colocaram em minha vida através da minha conturbada e um tanto insana mente. Separadas ao menos uma vez.

Do implícito ao mais que explícito. A exigência de provas somadas à cobrança um pouco excessiva trazem a obrigação. De mostrar, demonstrar, provar. Fazer valer o que se espera, o que se quer. De fora para dentro, das cordas, das limitações, das imposições para o ser, para o agir, para o eu. Meu eu. Preso e na obrigação de provar capacidade, valor, atitudes, sentimentos. Criam-se expectativas por razões diversas e nada faz delas menos presentes do que cordas que puxam meu pescoço, meus braços, minhas pernas e até minhas próprias palavras.

Cheguei à conclusão, com muita água na cabeça e nenhuma na boca que consigo viver e fazer valer qualquer verbo sob pressão. Transformar em realidade as expectativas não é tão ruim ou difícil. O grande problema, eis então a razão de um desgaste absurdo, é precisar, necessariamente, obrigatoriamente, fazer tudo isso. Provar tudo isso. Demonstrar tudo isso. Aquilo. Sei lá mais o que. Querem que faça valer à pena investimentos no estudo, na vida. Que demonstre sentimentos, amadurecimento, verdade e coerência. Que prove com atitudes que palavras não são em vão, que oportunidades não são dadas para a pessoa errada, que qualquer sonho possa ser merecido, quando surgir. Ter de fazer, sob pena de perda, de afastamento, de julgamento precipitado, dentre tantas outras punições, desgasta e torna exaustiva qualquer relação.

Aprendi tempos atrás a ser exigente. Antes de mais nada comigo mesmo. Assumo metade da culpa por não aguentar mais provações. Tenho exigido mais de mim do que quase todos no mundo que a mim estão relacionados. Faz-se necessário aprender, corrigir, melhorar, evoluir, fazer mais, aproveitar mais, ocupar mais espaço em um tempo propriamente meu, enfim, muito mais. Exijo de mim sem a flexibilidade que exijo implicitamente de qualquer outra pessoa. Até porque, não acho justo exigir algo de alguém que não seja eu.

Nesse ponto, tenho estado no limite. Entre a terra e o ar, entre fogo e água, entre direita e esquerda. Sem pender, sem fazer parte do meio termo, sem nada. No limite entre ambos para tentar tirar o máximo de ambos. No limite da minha razão e de qualquer sentimento que possa ter. Exigido, cobrado, pressionado, posto à prova. Não sei quanto mais aguento. O pior que pode acontecer é decidir ser indiferente a tudo isso, escolhendo a eventualidade e a casualidade como regras de vida. Possibilidade quase inexistente. Porém, cansa, desgasta tentar ser o melhor que se pode ser, sempre. Ou ainda superar limites sempre. Tentar melhorar sempre. Tentar corrigir erros próprios e de terceiros, sempre. Provar que se é de verdade, com palavras verdadeiras, com sentimentos sinceros, com intenções significativas, sempre, sempre, sempre.

Não, não há especificidade, não há reclamação, crítica ou ofensa. À pessoa, situação, palavra ou momento. Eu só precisava escrever que, resumindo em uma frase, não acho justo ter que provar ao mundo quem sou, o que penso, faço e sinto. Sempre.

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