sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Histórias do Bandiolo - Para não ficar só no tchau

Olhou-a e despediu-se. Sem beijo, abraço, nada. Nem aperto de mão, olhar nos seus olhos ou qualquer outro tipo de afago. Nada. Estava atrasado e, acima disso, magoado. Não importava mais o que ela lhe fizera, as coisas ridículas que ouviu daquela boca que quando sorri ilumina cavernas profundas e escuras. Não importava mais o que lhe fizera pensar, sentir. Passado.

Mas ainda estava magoado.

Sentiu-se a pior pessoa do mundo por aquilo. Sentiu-se pior do que a pior pessoa do mundo sentiria-se. Senti-se como se fosse... de fato, a pior pessoa do mundo. Como se tivesse cometido o pecado mais grave, a falta mais dura, dito a maior blasfêmia e provocado a pior das dores. Sentiu-se como se fora culpado de algo que nem ao menos sabia o que era. De algo que, de fato, percebeu não existir.

Fora acusado, incriminado, culpado, criticado, ofendido, destroçado e destruído. Sentiu-se tão mal que não sabia como em tão pouco tempo voltou a estar com ela. Sabia, mas não queria saber. Não queria entender. Era injusto. Não merecia ter passado pelo que passou, sentido o que sentiu. Sensações estranhas. Sentimentos profundos. Tristeza. Mágoa, mágoa, mágoa.

Despediu-se como se ela não fosse mais do que uma empregada de seus pais e, por consequência, uma empregada sua. Despediu-se como o dono se despede do cão.

"Tchau."

Virou as costas. Precisava fazer aquilo. Deixar aquela impressão de que ele poderia fazer o mesmo, embora ela não fosse sentir um centésimo do que ele sentiu. Era uma forma de vingança, para ele era. Indiferença. Sentimento terrível. Tantas vezes sentia como se estivesse há anos-luz dela mesmo estando abraçados. Agora era a sua vez de retribuir. Tchau e nada mais. Isso mesmo, sentia-se agora bem.

A mágoa passou. Rápido demais. Parou, pensou bem, refletiu e sentiu-se mal. Parecia que algo estava lhe chamando, embora ela estivesse quieta. Será que ela se arrependeu? Será que falará alguma coisa, que pedirá desculpas? Não. Ele não vai fazer nada disso, sabia ele. Deixou de lado o orgulho que era próprio dela e sentiu-se aliviado por ter desistido de tentar fazer o que, de fato, nunca quis fazer.

Voltou e beijou-a. Para não ficar só no tchau. E para não se arrepender e sentir-se mal por ter dito apenas uma palavra na última vez em que a veria naquele dia.

Voltou e nem foi mais, sabe-se lá o porquê...



*O autor acha textos como esse, 
escritos em dias como esses, 
patéticos, 
e não esconde sua preferência 
por textos postados com verdadeiros sentimentos 
e um algo a mais de explosão, 
que nesse caso não passa de uma espontaneidade sincera,

e cheia de... enfim.

5 comentários:

k. Ferreira disse...

espontaneidade sincera...deve ser isso que está faltando nas pessoas.

Mariana Andrade. disse...

e o comentário acima disse o que eu gostaria de dizer. quanto ao teu comentário no meu blog, eu acho sim que existem verdades absolutas, e creio em coisas bem maiores do que a frase que lá escrevi. obrigada pelo seu comentário ;) estou seguindo aqui.

Érica Ferro disse...

É bem melhor se arrepender do que fez do que não se chegou a fazer.
Enfim, às vezes precisamos engolir nosso orgulho e colocar as mágoas de lado e fazer o que pede nosso coração.

Um abraço.

P.s: Fiquei feliz de te ver lendo um escrito meu. :)
E que foi uma leitora aprazível.

Crispi. disse...

É sempre assim, a gente explode, e depois se arrepende. O que na hora parece bom, depois vira torturante.
Adorei o texto, e o seu jeito de escrever :)
Beijos!

Jééh disse...

nossa que texto, fiquei até tensa diante de tanta indiferança :/
texto muito bom
essa é minha opinião ^^