quarta-feira, 24 de junho de 2009

Síndrome de perdedor sem errar

As pessoas erram. A vida é feita de erros. Os erros são feitos, ou de preguiça, ou de estupidez, ou de burrice ou, no melhor dos casos, de vontade. Erros que não eram para ser erros deixam de sê-los se pensarmos que a vida em si é um grande erro. Que acordar de manhã e não viver o dia como se fosse o melhor e último da vida é um grande erro. Que pisar em cima, figurativamente, de uma pessoa que está caída é um erro. E que provocar, intensionalmente esse tombo, essa queda ou mesmo esse deslise, é um erro terrível.

Erros involuntários no acaso e voluntários na intenção contrária, não são erros porque, se o fossem mesmo, ninguém faria porcaria nenhuma. Nenhum idiota se declararia apaixonado com medo de estragar uma amizade que, muitas vezes, acaba se estragando por si só. Nenhum trabalhador sairía de seu emprego para ser demitido no novo emprego depois de uns 3 meses se erros que não era para ser erros fossem erros mesmo. Ninguém ousaria. Ninguém tentaria. Ninguém buscaria algo diferente com medo de errar, pois se esses erros deixassem de não ser erros e se tornassem erros mesmo, a vida seria um terror.

Maior do que já é.

Erros que não são erros são uma das poucas coisas louváveis que o homem instigou nos seus descendentes desde os tempos primórdios e primários. O importante é tentar, é não desistir, é lutar até o fim. Felizmente ainda existe gente que pensa assim.

E gente que mesmo não pensando assim, age parecendo pensar assim.

Um dia eu escrevi que um erro não faz um perdedor. Muitos comentaram dizendo que "um não, mas dois, sim", ou seja, que mais de um erro faz um perdedor. E muito poderia dizer eu sobre essa síndrome de perdedor que assola a cabeça dos ser humano, de um modo geral, pois assim me sinto há alguns meses. No fundo, errar não me faz um perdedor.

Então?

Descobri que sou um perdedor quando acho que sou um. E isso não é síndrome, é racionalidade pura e complexa. Eu posso ser o que os outros acham de mim, mas dificilmente eu saberei, com a mesma sinceridade que tenho, o que os outros acham de mim. Por isso eu não posso ser quem eu acho que sou. Isso derruba teorias de psicólogos, psiquiatras e outra centena de gente estúpida que, quando com um microfone ou uma câmera ou mesmo uma caneta para escrever um texto para uma revista, acha que é Deus e que sabe tudo, inventando e dizendo as maiores bobagens que meus olhos já leram ou meus ouvidos já ouviram. Maiores do que as minhas.

Eu sou o que eu acho que eu sou, com alguns asteriscos no fim do texto. Ninguém vive tudo. Ninguém conhece tudo. Ninguém entende tudo. Se alguém conseguir tudo, do viver, do conhecer ou do entender, que morra, porque a vida não tem graça sem uma perspectiva de aprendizado, entendimento ou vida. São poucas as repetições boas.

Então, se eu penso que sou um perdedor eu sou um perdedor de fato.

Simples assim.

Mesmo que meus erros tenham sido erros que não deviam sê-los. Mesmo que meus erros não tenham sido erros.

É isso.

Um comentário:

Vini Manfio disse...

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profundo

e insano
mais uma vez