sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Pedaços de um pensamento (61)

Da mesma forma que céu é infinito e parece abrir-se após cada pequeno deslocamento de nuvem, o chão, duro e teoricamente contável, também se abre a cada passo dado. A possibilidade de infinito está tão próxima daquilo que acaba logo ali que o melhor é esquecer que há condicionais e possibilidades, em si, e, então, apenas seguir como se nada fosse acontecer. Tentar antever é pior porque, além de ser inútil, acarreta em paranoia sem igual, hesitação infantil e ansiedade pré-mirim.

O que não tira tom humorístico de tudo isso é semelhante ao que dá a um 'frio na barriga' um gosto que pode se tornar doce ao ponto do elogio, ou do asco.

Em si, o limite entre dois opostos é largo, cheio de subidas, descidas e obstáculos até deixar de ser, de fato, um para tornar-se outro. Dizem que o amor e o ódio são coisas tão próximas que o tempo, a vida e o acaso - desconsiderando aqui qualquer crédito que a sociedade tenta dar a ele, uma vez que não passa de boa invenção dos covardes para separar o joio do trigo, a areia do pedrisco, enfim - encarregam-se de transformar o segundo no primeiro geralmente levando a um relacionamento hollywoodiano... tão inexistente quanto o acaso ou a sorte.

Essa história de proximidade se dá porque o meio termo, esconderijo da falta de personalidade crítica, é largo demais e engloba, em diferentes proporções, ambos os lados. É como sair para comer pastel e não saber decidir entre assado e frito, pedindo então uma pizza, assada, com baco, frito. Entre um e outro, há um pouco dos dois e, portanto, não há distinção.

Como, em questões condicionadas a vários fatores, definir o que é, ou não, torna-se complicado e, portanto, acaba sendo desnecessário a medida em que o tempo passa e a definição não leva a uma significativa melhora do estado de ser. 

E do ser.

Aquilo que é grande por ser visível está de um lado. O que é grande por ser invisível está de outro. Não é possível haver pequenez no meio termo desse e daquele porque a grandeza, vista ou não, exige do objeto que, de alguma forma, seja grande. Para os olhos, ouvidos ou coração.

Fugir do meio termo é, como disse antes, desnecessário. O importante é saber que há algo grande, em si, naquele espaço.

E que esse texto foi escrito às duas da madrugada de uma sexta-feira.

Nenhum comentário: