quinta-feira, 22 de novembro de 2012

O vazio de viver e só (33) - Não sentir


Um amigo disse a mim, hoje:

"Me fala do que faz você feliz, não da sua rotina."

Não sei como pode ser tão difícil falar do que me faz feliz. De quem me faz feliz. Acho que, depois de tantas coisas, de tantas vezes em que a felicidade disse-me: "Entre!" e logo após fechou a porta, com alguma violência, na minha cara, fica difícil definir alguma coisa.

Jamais considerei-me infeliz. E jamais pensarei assim. Minha família é incrível, meus amigos são leais, meu grupo de oração é bom, Deus me ama e a cada dia permite-me viver. Senti-me, várias vezes, injustiçado por ter 'apenas' isso. A maturidade, e o crescimento também na fé, trouxeram isso abaixo, como grande bobagem.

Porém, é certo também - e Deus, em sua infinita sabedoria sabe, sem dúvidas - que faltam duas coisas, grandes, e duas pequenas para que eu consiga manter naturalmente um sorriso espontâneo no rosto. Discordo de quem disse que 'infelicidade é hereditário' - acredite ou não, alguém disse isso. Acho que isso é uma desculpa de um cientista cômodo e com complexo de inferioridade. 

E quem lê este troço dito blog sabe que posso falar com propriedade do complexo de inferioridade, ou síndrome de patinho feio. haha.

É paradoxal, porém muito poético, dizer que foi perdido aquilo que não se tinha. Por vezes tenho pensado assim - o que, felizmente, não faz de mim um poeta - só que isso nada quer dizer. Muito parece fugir mesmo, em algum momento, tendo estado tão perto. Não acho que tenha forças para, hoje, passar por cima de toda ansiedade e de todos os pequenos - e superáveis em momentos de tranquilidade - medos que tiram a concentração e a chamada 'paz de espírito'.

Estou cansado de ter de conformar-me com as coisas, ausências e portas na cara. Talvez ninguém entenda isso, mas é uma verdade.

Ainda não consegui voltar a escrever como algum dia escrevi. Não sinto vontade de fazer qualquer tipo de criação. Não tenho concentração para coisa alguma - ainda mais agora. O futuro, profissionalmente falando, é um ponto de interrogação, apenas - e isso é muita coisa.

Sem contar a incerteza. Aquela lá.

Pequenas e insignificantes coisas são aquelas. Essa última, é gigante, vem de um sentimento sincero, de uma vontade enorme de ser e deixar ser, de proporcionar, auxiliar, de amar. Pode parecer pouco para quem vê de fora, mas para quem não consegue mais achar meios de lidar com isso tudo, ao mesmo tempo, não é.

Jamais definir-me-ei como infeliz. Dei bons motivos para rechaçar isso.

Isso, entretanto, não tira de mim a possibilidade de escrever que não consigo sentir felicidade.

Infelizmente, com exceção de momentos, curtos ou longos, já faz algum tempo.

Talvez seja só um modo de ouvir, do Criador, que é preciso ir além e ter mais paciência do que qualquer outro ser. E isso está sendo difícil.

Porém, amém, Senhor.

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