sábado, 23 de junho de 2012

Pedaços de um pensamento (48)


Já não sei o que dizer. Negar tristeza em potencial antevendo um futuro, provavelmente, próximo seria como fazer de conta que tudo está bem e que aquela mania de achar que poderia ser diferente é parte de um tolo passado. Somando-se a isso uma preocupação antiga, escondida há tempos por motivos impessoais, tem-se uma pequena fagulha de caos aproximando-se de um caótico sistema mental. Ou algo próximo.

Tornou-se um prazer às avessas fazer de conta que engano com manifestações formadas por palavras pouco diretas, nada - aparentemente - sensato e real. Entretanto não é tão divertido, e tampouco prazeroso, quanto era criar sólidas barreiras verbais, dotadas de espantosa e eficaz subjetividade que não levava a lugar algum, fosse de entendimento, compreensão ou mesmo analogia. Essa era a intenção e, portanto, independentemente da qualidade definitiva, aquilo que saía como sopro de cansaço alcançava seu objetivo, sendo assim um sucesso relativo em meio a pequenos e, hoje, não muito significantes fracassos.

Mentiria, de maneira descarada e egoísta se trouxesse à tona termos como 'jamais', 'sempre assim' ou o badalado 'quem me dera' seguidos de lamentações, nostalgia e utopias características de épocas menos nobres, pessoais e, sem dúvida, mais vazias. Escrever por escrever deixou de ser uma opção quando nem isso passei a ser capaz de fazer. O que outrora necessitava de inspiração - e ela vinha mesmo que os olhos não piscassem (mas quando piscavam...) - hoje necessita de... o que mesmo? Intensidade? Espontaneidade? Sinceridade?

Não.

Necessita de verbos no infinitivo.

O que também é uma grande bobagem quando há tantos passando, vagamente, por aqui. Inconformado e, concordo, chato sou nesse quesito. Sempre quis mais. Quase sempre busquei mais. Poucas vezes consegui. Não, aquela mania de perdedor já não existe mais, tampouco palavras derivadas de sua presença. O que acontece, e agora o infinitivo é explicado, é que...

... ah, você sabe. Seja lá quem seja você que está com os olhos procurando respostas que não vai encontrar. Ou explicações para o que não se pode explicar com palavras.

Sim, estou sorrindo. Não é mentira. Muito menos somente aparência. Estou sorrindo porque...

... as lembranças foram renovadas.

Não, preocupar-se com a possibilidade do esperançoso não é uma opção. De tantas que existem, essa está descartada. Não porque perdi, porque sou um perdedor, porque o mundo conspira contra ou deixei de acreditar... em que mesmo? 

Ah, sim, naquela coisa que deixa as pessoas mais bobas e o mundo menos monocromático.

Alimentar alguma esperança está fora de questão. Estar feliz mesmo com a potencial tristeza que iniciou essas palavras é possível, sim. Em uma vida de possibilidades, o impossível existe para provar que não há razão que defina algo que... com a razão não se explica. Estou feliz, e sorrindo, mesmo que saiba o quanto, potencialmente, estou propenso a ficar triste.

E isso é bom porque, de fato, não sou eu quem deve estar feliz com o que pode vir.

Renovou as minhas lembranças e, com isso, de um jeito bem... inexplicável, renovou o meu sorriso.

O que virá depois... será escrito depois.

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