*Às vezes as coisas acontecem em um piscar de olhos e nem nos damos conta de que nunca mais acontecerão. Só percebemos que foram pontualidades boas quando temos vontade de passar por aquilo novamente. É como comer uma maçã e procurar o gosto dela em todas as outras maçãs. Fosse pela safra ou mesmo pela árvore que fê-la crescer, nenhuma maçã parecerá ser Aquela maçã. Pontualidades, gastronômicas, sociais, afetivas. São várias. As coisas acontecem e... pronto, já aconteceram. Algumas se repetem, outras não. Por que então é costume sentir saudade e querer mais apenas do que, no fundo, sabemos que não teremos mais? Mania de inconformismo, de nostalgia ou para ter do que reclamar. Talvez haja um quarto motivo, mas esses já abrangem a grande maioria dos casos. E daí? Não importa mesmo se eu digo isso, uma vez que você não vai deixar de querer provar uma maçã igual Àquela.
Dia desses... bom.
Estava dormindo, acredito que profundamente, quando... quando aquele celular velho e capenga começou a tocar. Eu não sei ao certo que horas eram porque... bom, aquele celular estava tocando e eu estava... é, estava dormindo. Quem foi o idiota que deixou o celular ligado de... bom, deixa para lá.
O fato é que o celular tocava e eu tentava... acordar... para atendê-lo mas, pensando bem, quem poderia estar ligando a essa hora? Virar para o outro lado e continuar dormindo seria uma boa opção pois, se alguém reclamasse que não atendi o celular no meio da madrugada, poderia dizer que estava no silencioso e, portanto, não teria culpa por não ter atendido, digo, não teria sido intencionalmente.
Seria uma mentira porém pequena, já que não faria mal a ninguém... então porque resolvi atender o celular?
Ah, sim, o outro lado. E se alguém estivesse precisando? Tenho a mania de querer ajudar as pessoas e de me preocupar com... blá blá blá, discurso de gentinha politicamente correta, apesar de ser uma verdade.
Então atendi.
- Alôoooooooooooooo. - Alô com bocejo (acho que nem precisaria explicar).
- Vem para cá agora.
- Ãhn?
- Acorda, joga uma água gelada nesse rosto e vem para cá agora.
- Quem fala?
- Sou eu, não se faça de desentendido, venha para cá agora.
- Mas quem está falandoooooooooo? - mais um bocejo verbalizado.
- Sou eu.
- Eu quem?
- Hahaha, engraçado.
A pessoa não parecia muito feliz, fato.
- Sério, estava dormindo, quem é você?
- Não seja idiota. Preciso de você aqui agora. Se você não vier, nunca mais falo com você.
- Chantagem a essa hora da madrugadaaaaaaa? - se não fosse verdade, esse terceiro bocejo talvez convencesse a pessoa de que eu estava com muito sono e, antes de atender o celular, dormindo.
- Chega, estou esperando você.
- Onde?
- Você sabe, aqui em casa. Agora. Se não vier logo, nunca mais falo com você, entendeu?
- Mas eu não..
E desligou.
Larguei o celular no chão e voltei a dormir pois, de fato, estava com muito sono. O problema... bom, acho que por ter caído no chão aquele celular não funcionou mais. Talvez tenha sido por isso. Talvez tenha sido o destino que... bobagem. Não descobri quem era. Estava com tanto sono que não sei dizer se era homem ou mulher mas, se fosse ganhar dinheiro apostando, jogaria toda a minha fortuna de dezessete reais na segunda opção porque... bem, admitam, há uma paranoia em volta desse 'senão nunca mias falo com você'. Paranoia, possessão, chantagem, sei lá, alguma coisa assim.
O que me entristece, hoje, é concluir que, de fato, tenho uma pessoa que fala a verdade a menos no meu... círculo social? Não entendeu?
Se ela disse que nunca mais falaria comigo se eu não fosse, bem, ela estava falando a verdade, pois nunca mais falou uma vez que ninguém veio me dizer que estava 'irritada', 'possessa' ou... sei lá mais o que, comigo, por não ter ido a algum lugar. O fato de o celular ter estragado ajuda. Ainda mais quando não mandei consertá-lo e não comprei outro, ainda, por não querer mais ser acordado de madrugada.
Nem venham dizer que eu poderia 'colocar no silencioso' e blá blá. Se existe celular é para ser ouvido.
E ponto.
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