Qualquer momento que faça relembrar do que acontecia, com alguma frequência, tempos atrás acaba sendo uma pequena decepção. Não por ter acreditado que dias não bons estavam banidos para sempre e sim porque, em meio à descoberta de uma nova maneira de sorrir, julgava ser cedo demais para querer entender a fundo coisa qualquer.
O detalhe que acentua essa questão está na mesma rotina de vazio mental tantas vezes causadora de dias como hoje. Toda e qualquer explicação afim consegue apenas levar a crer que há muito mais por trás de tudo isso e nunca, de fato, houve qualquer entendimento básico, não sobre que está sendo, mas sim sobre o que é.
Trazer agora alguma expressão que derrube ainda mais o que parecia não existir - embora hoje não pareça existir em quantidade abundante - seria como beber um líquido venenoso sabendo que é venenoso. Sabotar-se dessa maneira, derrubando a si com pensamentos ocos, é uma boa maneira de acelerar a degradação da própria existência - o que não impede de, com alguma dificuldade, manter relações (pseudo) sociais com um sorriso no rosto.
Enquanto os segundos passam e não consigo cantar mais sozinho em esquinas de ruas de lugar qualquer, tento simplesmente conviver de uma maneira racional com o que não sei definir e, tampouco, explicar. Assumir a incapacidade de explicações é, também, reconhecer-se como impositor das próprias limitações, evitando novos passos pelo medo de gastar a sola do tênis - mesmo que esse já esteja velho.
Por que tento encontrar motivos e respostas quando posso aprender a conviver com tudo aquilo que está entrincheirado nos limites da minha ação? Se nem mesmo tenho certeza quanto à minha possibilidade de atuação em uma 'guerra' contra meu ego e minha concentração, como, e novamente por que, deveria compreender o que há, de fato, em torno - ou mesmo por trás - dos meus pensamentos?
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