domingo, 26 de setembro de 2010

A vida do Jaimão(parte 5)


T-E-L-E-F-O-N-E, era isso. Mas antes deveria atender, seria algum vizinho que ouviu barulhos estranhos? Para aumentar ainda mais a raiva do Jaimão, era uma atendente de telemarketing tentando vender-lhe um conjunto de pentes para homens peludos, tipo Tony Ramos. Isso lá pelas 3 da madrugada. Xingou a pessoa, seja homem ou mulher e voltou ao seu plano, bem, à sua tentativa de ter um plano para assassinar aquela que ficaria sendo sua falecida esposa. Maldita, até mandaria um bando de pivetes urinarem na sua sepultura. Voltando, ele pensou que asfixiaria ela com o fio do telefone. Sim, com o fio do telefone. Um sorriso brotou de seus lábios. Ainda pulando, subiu mais uma vez as escadas da casa e, com boca, pé e braços ensanguentados ele foi até o quarto, não sem antes dar mais umas bordoadas nos afeminados filhos daquela... mulher. Chegando no quarto, mais uma decepção. O telefone era sem fio. Como era difícil essa vida de assassino...

Entretanto, sua raiva era maior, fazia-o engolir a dor, a sujeira da pedra e de tantos outros insetos que rondavam sua boca que mais parecia uma sopa de sangue de pato. Como nenhuma ideia surgia em sua mente, sentou-se na cama e tentou descansar. Acabou dormindo, cansado de tanto fracassar, com tantas dores que fica difícil imaginar.
Ao acordar, notou que havia dormido em cima da sua... esposa(?), que estava fria e imóvel. Tentou acordá-la, em vão. Havia matado-a sem intenção, ou pelo menos sem intenção no seu sono, no seu dormir, no seu descansar. Seu pé, furado, doía. Suas mãos doíam. Sua boca era uma poça seca de sangue. Seus dentes da frente estavam grudados naquela pedra. Mas pelo menos aquela vagab mulher, já estava morta. Como esconder o corpo dela sem que os pivetes soubessem? Tapou aquele corpo fedorento, e agora morto, com um lençol... transparente. Caramba, não havia outro na casa.

Seguiu seus passos em direção ao hospital. Passou alguns dias lá. Pensando no que fazer da vida, agora que era viúvo. Bom, não totalmente, já que ninguém sentiria falta daquela... coisa. Talvez aqueles caminhoneiros fedorentos. Tudo muito rápido, semanas depois voltou para casa, ainda com o pé machucado, com os dentes postiços e outros remendos em seu corpo sem nenhum ão de qualidade. Seus filhos sorriam ao vê-lo. Aqueles viados de uma figa. Eles o abraçaram e ele respondeu com uma bofetada na raiz do ouvido de cada um. Eles choraram e lhe entregaram o dinheiro.

Que dinheiro? Onde esses imbecis arrumaram tanto dinheiro. Devia haver uns 30 mil naquele maço todo. Mandaram-lhe ir até o quarto para ver de onde vinha o dinheiro. Com dificuldade, subiu as escadas, abriu a porta e, que nojo! Até ele ficou apavorado quando viu uma bola humana de pêlos em cima do corpo da sua ex-mulher, aquela v... . Ela, morta e eles em cima, fazendo coisas indevidas. Necrófilos! Que nojo. Não conseguia pensar em outra coisa. Ele era um gordo, obeso, fedorento, fumante. E estava ali, em cima daquele corpo morto. Que nojo.

Não sabia o que pensar. Então fechou a porta, desceu as escadas, sentou no sofá e começou a contar o dinheiro. Aqueles dias não haviam sido fáceis, mas o final valeu toda a dor.

Apesar de ter consciência de que ainda era um corno, uma vez que sua... mulher, ainda mantinha relações com outros homens, mesmo estando morta.

*o final de uma história é quase sempre ruim. 
Essa não conseguiu fugir à regra. 
Porém era preciso terminar essa história,
infeliz, de vida, de alguém que não existe.

Um comentário:

Maria disse...

Eu ri lendo isso, adorei a criatividade hahahahaha

Beijo Vini ;D