quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Reflexões de um maluco(6) - Porque pensar e viver não são verbos muito afins

Se tu pensasses na possibilidade (real) de morrer enquanto dorme, tu dormirias? A maioria (provavelmente) vai dizer que não. E talvez seja não a resposta mais coerente. Arrumaríamos um jeito de nos mantermos acordados até que, sem perceber, dormíssemos e, ao acordar, perceberíamos que não é tão perigoso assim dormir(relativo isso, também).

Pensar no que pode acontecer impediria-te de fazer muita coisa. Questão de tu contigo sabe. Tu deixarias de fazer muita coisa só porque pode morrer, ou porque pode acontecer isso ou aquilo. E tu deixas de fazer muita coisa pelo que pode dar errado né? Eu sei. Todos são assim. Todos somos assim. E quando tu dizes "que se dane" para esse empecilho(mental ou não), tu fazes e te arrependes. Né?! Então.

"Não me arrependerei de ter tentado" dirão alguns, mas essa é outra frase besta. E muito, mas muito relativa. Porque o tentar é relativo. E como só a relatividade não é relativa(em partes), não vou escrever sobre isso.

Se tu pensasses em tudo o que pode acontecer no teu dia, não sairía da cama. Ou melhor, não acordarias. Ou melhor, não dormirias. "Pensar enlouquece, pense nisso", ou algo do tipo. Pensar, lembrar, imaginar, raciocinar, concluir ou qualquer outra coisa que coloque problemas na tua cabeça, te impediriam de fazer tudo, de estar em tudo, de viver. Até de existir tu serias impedido. Por ti mesmo, claro.

E como não lembrar/pensar/(...) no que pode ser empecilho para que algo, alguma coisa, alguém ou nada seja feito? Não há como. E não é sempre que dá para apenas "jogar a bola de neve do alto da montanha que ela vai crescer" ou "virar para o lado e fechar os olhos, uma hora tu dormes". Não é sempre. Aliás, é quase nunca.

E não me venham com o "é só fazer, e não pensar" porque somos seres que pensam. Bem ou mal, muito ou pouco, produtivamente ou não. E as possibilidades ruins são preenchidas com muitos barulhos de grilo*, ou seja, é pensamento sim. Querendo ou não, (quase, mas QUASE) sempre temos algum pensamento, seja bom ou ruim.

Pensar em coisas boas para esquecer as ruis? Pensar na conclusão, possivelmente boa, do que na parte ruim do caminho? Esqueça. O ser humano não foi feito para esquecer o que pode dar errado. Não quero também exaltar o Murphy e sua lei insana, mas que a regra do "o que pode dar ruim, dará" é válida. Talvez muito.

Então, o que fazer se tudo, mas tudo, o que fazemos ou vamos fazer pode dar errado? Se tudo o que pensamos/lembramos/(...) traz um (maldito) asterisco de contradição ou contramão(teórica, nem que seja)? O que fazer?

Cada um tem a sua resposta(ou não). Para a sua vida. Talvez seja certa. Talvez seja errada. Talvez nem seja. Mas é a sua resposta. E a minha, ou a de qualquer um, eu não sei. Não sou o senhor do tempo, do céu, do mar, do sol ou da terra para saber. Não sou o senhor de nada. Talvez eu seja apenas senhor de mim. Mas isso também pode ser relativo.

*é só pensar bem que vocês vão entender de onde saíram os grilos

Um comentário:

Anônimo disse...

Se eu pensasse nessa possibilidade de morrer durante o sono, acho que não dormiria mesmo porque já não gosto de dormir... rsrs Quanto aos pensamentos, é difícil controlá-los; por vezes não queremos pensar numa coisa, mas o facto de não querermos nos faz pensar mais sobre ela. Acho que por vezes pensamos de mais no que pode acontecer de errado e seria talvez melhor agir; outras vezes é ao contrário... É complexo mesmo; nunca dá pra ter a certeza de nada.