quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Tão estranho quanto uma gota d'água no deserto

Se hoje tivesse acontecido há três semanas atrás, o que deveria ter sido, eu não estaria tão tranquilo. Não que nesse tempo eu tenha aprendido tudo, descoberto tudo ou mesmo resolvido tudo. Não. Muito pelo contrário, as coisas continuam de um jeito não muito positivo para mim, mas enfim, podiam estar piores.

A questão é que deixarei uma coisa que não quero levar comigo. E que há algumas semanas levaria. Talvez me arrependesse, talvez fosse o melhor a fazer, mas enfim. Deixarei aqui. Não sei como ficará, como será cuidado, mas não importa mais. Mesmo que eu queira, não posso mais levar.

Tão estranho como duas ou três semanas fizeram tanta diferença. Muito mais do que dois meses antecedentes. Não me sinto mais preparado, não me sinto mais inteligente, perspicaz ou algo do tipo. Sinto-me melhor. Só isso. Psicologicamente melhor, essa é a verdade.

Não por alguma mudança radical. Não por alguma mudança significativa. Não por alguma mudança em si. Mas por um simples pingo que chegou ao meu coração. Pingo de esperança que todos receberam, ou vão receber.

Aquela sensação de que o mundo não é tão ruim, e por motivos que quase ninguém concorda. Só aqueles que entendem o que é essa esperança e como ela atua nos nossos sistemas, na nossa vida. Sensação de que, se as coisas não estão boas, elas poderiam estar piores, então vamos aproveitar enquanto não estão.

Valorizar? Talvez. Também.

É provável que tudo isso seja só mais uma besteira da minha cabeça. É muito provável.

Mas e daí? Que seja uma besteira da minha cabeça. Não importa. Essa sensação, contraditória, que me faz ter a certeza de que não morrerei, por deixar aqui o que deixarei aqui, é minha.

Sei lá. É estranho. Meus olhos já não vêem mais, minhas mãos já não tocam mais. Mas eu continuo aqui.

Estranho.

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