segunda-feira, 11 de março de 2013

Pedaços de um pensamento (72)


Ele vem leve, devagar, silencioso. Ele ou ela, depende de como você nomeia. Vem sem fazer alarme, sem avisar, passando despercebido por todas as barreiras que você, quando sabe ser o melhor, levanta para evitar sua presença. Ele, ou ela, age diretamente, aos poucos para não ser controlado de imediato. Faz-se pequeno quando é gigante, fraco quando na verdade é forte e inconstante quando é direto, firme e destruidor. Ela, ou ele, parece ser boa, singela, inocente. Parece ser o que falta, o que completa, o que torna todo o resto mais claro, alegre, vivo. Parece. Ele, ou ela, engana, mente, ilude. Promete o que não cumpre pois o que fica depois que seu trabalho termina, após incontáveis tentativas de negação, rejeição e/ou repreensão, é um vazio seco, frio, desolador, uma escuridão deprimente, depressiva, angustiante. Inquieta, ela, irrequieto, ele, tornam uma alegria intensa - mesmo sem expressão - algo banal, injusto, imerecido. Silencioso, ele, ardilosa, ela, vem constantes como as notas do melhor aluno da turma e deixam você como as notas dele após apaixonar-se pela menos convencional das suas colegas. A diferença entre ele e ela é o princípio, embora possam ser tratados como um só. Ele surge, existe, é o fato. Ela transforma ele em notícia, joga-o sobre nós. Os dois, como um só, cortam asas e jogam ao chão, diretamente na porta do quarto vazio, onde a ausência, o vazio, é tudo, onde o nada impera, onde a escuridão ilumina e a dor não é nada além de rotina. Nos afastam do limite e passam a ser a limitação. A sua, a minha. A nossa limitação humana.

Felizmente, nem sempre dá certo, nem sempre perdemos. Felizmente, a Verdade vence também naquilo que tentamos esconder e que o ele, e ela, citados antes insistem em trazer a tona. Silenciosamente.

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