Ele vem leve, devagar, silencioso. Ele ou ela, depende de como você nomeia. Vem sem fazer alarme, sem avisar, passando despercebido por todas as barreiras que você, quando sabe ser o melhor, levanta para evitar sua presença. Ele, ou ela, age diretamente, aos poucos para não ser controlado de imediato. Faz-se pequeno quando é gigante, fraco quando na verdade é forte e inconstante quando é direto, firme e destruidor. Ela, ou ele, parece ser boa, singela, inocente. Parece ser o que falta, o que completa, o que torna todo o resto mais claro, alegre, vivo. Parece. Ele, ou ela, engana, mente, ilude. Promete o que não cumpre pois o que fica depois que seu trabalho termina, após incontáveis tentativas de negação, rejeição e/ou repreensão, é um vazio seco, frio, desolador, uma escuridão deprimente, depressiva, angustiante. Inquieta, ela, irrequieto, ele, tornam uma alegria intensa - mesmo sem expressão - algo banal, injusto, imerecido. Silencioso, ele, ardilosa, ela, vem constantes como as notas do melhor aluno da turma e deixam você como as notas dele após apaixonar-se pela menos convencional das suas colegas. A diferença entre ele e ela é o princípio, embora possam ser tratados como um só. Ele surge, existe, é o fato. Ela transforma ele em notícia, joga-o sobre nós. Os dois, como um só, cortam asas e jogam ao chão, diretamente na porta do quarto vazio, onde a ausência, o vazio, é tudo, onde o nada impera, onde a escuridão ilumina e a dor não é nada além de rotina. Nos afastam do limite e passam a ser a limitação. A sua, a minha. A nossa limitação humana.
Felizmente, nem sempre dá certo, nem sempre perdemos. Felizmente, a Verdade vence também naquilo que tentamos esconder e que o ele, e ela, citados antes insistem em trazer a tona. Silenciosamente.
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