quinta-feira, 14 de março de 2013

Histórias do Bandiolo - (In)dependente

Ah, aquela velha história de independência! Como era bom sentir que de ninguém mais no mundo era dependente. Querer e poder ir atrás, buscar por si, sem auxílio nem obrigação de agradar. Que legal, demais até, ser responsável por tudo na própria vida, sejam ganhos ou gastos, conquistas ou decepções.

Poder deixar a louça suja na pia quanto tempo fosse preciso, até que a vontade de lavá-la ou a necessidade de usar alguma coisa - por tudo o que havia nos armários estar sujo - surgisse. Poder deixar a poeira tomar conta do chão, do sofá, do banheiro e até mesmo da própria cama afinal, sinceramente, quem tem sono dorme em qualquer lugar.

E assim era, e é, durante quase todo o tempo. Comprar a comida que quiser, quando sentir fome, dou um jeito nas sacolas de lixo APENAS quando não cabe mais nada dentro delas, escolher a marca mais barata de detergente e a mais cara de atum porque, bem, porque existem prioridades. Toda pessoa independente tem as suas prioridades.

O problema de ser independente é passar um tempo como pseudoindependente. Voltar às origens, como dizem por aí. Estar em um lugar que não está TOTALMENTE adaptado a si, ajeitado ao próprio gosto, enfim, passar um tempo onde há tempos não há nada de pessoal seu.

Aquela sensação de toque pessoal em tudo desce por água abaixo e indignar-se ao ponto de sair do banheiro e gritar para a responsável pelas compras:

- Manhêeeeeeee, por que a senhora comprou esse sabonete com cheiro de babosa?

De fato, até a independência deixa dependente.

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