quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

O vazio de viver e só (36)

Não vi saída qualquer. Parecia que as paredes estavam vindo ao meu encontro para amassar-me e tonar-me parte de coisa qualquer que não fosse boa. Sensação de aprisionamento, a algo ruim, que tira as forças, a vontade, os sonhos e mais ainda a já perdida, há tempos, concentração. Estava fraco, com sede e sem ânimo. Nada tinha e assim permaneci por algum tempo. Ainda que nada, de fato, tivesse acontecido, parecia que o pior do que sequer consegue ser imaginado havia acontecido e não havia solução.

Apenas soluços.

A tristeza e os lamentos vinham com naturalidade espantosa. Ninguém, nem mesmo os doentes, em sã consciência conseguem ver naturalidade no terror psicológico que havia ali. Como um grande passo para o fim, não parecia haver saída, nada alegrava, nada satisfazia ou motivava. Nada, nada, nada, ninguém, ausência total e completa de tudo, de coisa qualquer, de resquícios ou ínfimos detalhes. Tampouco miséria.

Ainda assim, há vida. Há recomeço. Há misericórdia.

E Amor.

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