sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Histórias de bergamota (18)

"Somente hoje fiquei sabendo que alguns animais perdem parte de sua pele para que então nasça uma pele nova, ou alguma coisa próxima disso. Achei incrível! A natureza, acreditando vocês no Dedo que a criou ou não, é fantástica, são detalhes demais para pouca compreensão do porquê tudo isso poder, embora o homem faça o possível para impedir, conviver em harmonia e coletivamente. 

O esquecimento do individual, na natureza, deveria servir de exemplo para homens como vocês, que só pensam no próprio umbigo. E nem venham me dizer que vocês se importam com o umbigo dos outros porque é mentira, eu sei que é mentira! Nem com o umbigo de algumas laranjas, vistas por mim várias vezes na vida, desviam seus olhos e seu senso de preocupação para fora do eixo de rotação dos pensamentos individuais. Garanto que se vocês, humanos, assim como alguns animais, trocassem de pele, não andariam desfilando por aí cortando tudo e todos, vegetação e sonhos. 

Tenho a certeza que teriam mais respeito pelo conjunto, num todo, se precisassem que alguém os aceitasse durante a dita 'fase de transição' de uma pele para outra. Seriam a mesma pessoa, com uma pele semelhante, mas nunca a mesma. Por que não mudar os pensamentos, ser a mesma pessoa, mas de um jeito diferente. Ser, eu disse: ser, e não estar, fazer ou comer.

Ah sim, sei que vocês, admitindo ou não, não conseguem viver sozinhos mas... por que continuam então pensando, e agindo, como se fossem autossuficientes e não precisassem uns dos outros, para qualquer coisa que seja? Um 'derrr' para vocês, bobões, que parecem ser tão superiores mas que, deparados com algumas verdades, fogem das mesmas com argumentos falhos como 'não vou discutir sobre isso' ou 'não quero brigar com você' ou ainda o tão popular 'eu penso de maneira diferente'. Há coisas que deveriam ser senso comum.

O que? Não quer ler o que eu estou escrevendo? Claro, acho que o seu umbigo saiu do lugar, sim, vai lá ver e depois volta aqui para terminar de ler.

(...)

Voltou, que bom. Só quero dizer mais uma coisa: Vivam como parte da natureza, pegando de nós, seres irracionais, coisas boas como simplicidade, mudança sem perder a essência e reconhecimento das próprias limitações. O que, você acha que não pensamos, alguma vez em nossas curtas vidas, em ser uma coisa que não somos?

Confesso, sempre quis ser uma jaca. Cara, elas são enormes, monstruosas mesmo. Nunca chegarei àquele tamanho, por isso aceito-me como pequena, e ínfima, parte do todo da vida de uma árvore. Não, nem pense em cortá-la pois eu ou alguma semelhante a mim irá te dar uma dor de barriga daquelas.

Não nos provoque.

Ass. Uma bergamota"

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