segunda-feira, 28 de outubro de 2013

O vazio de viver e só (44)

O que havia sido difícil hoje parece impossível. A negação, outrora tranquila e convicta, deu lugar a uma permissividade que não condiz com o que se quer e, primariamente, sabe-se ser o correto. Embora a série de fatores condicionantes de tempos atrás possa ser uma tentativa de significativa amenização, não há nada que justifique o fato de tudo estar próximo de um descontrole sobre-humano. Tudo mesmo.

Aquilo que era difícil hoje parece impossível, e tem sido assim há algum tempo. Nenhuma pequena mudança tem sido capaz de reverter sequer o mínimo de um pedaço, que dirá parte substancial e significativa de um todo. Palavras que pouco revelam estão escondidas, amedrontadas, atrás de um muro de nada momentâneo que parece não querer sair mais.

Ou é o fundo do poço ou próximo disso, seja lá qual for o poço e o que isso signifique. Não acho que exista lado bom nisso porque a famosa 'derrota que gera autoconhecimento' não vem ao caso e, por sinal, passa bem longe disso. Não há porém, contraponto ou argumento que tente e consiga, minimalisticamente, dar razão ao que tem sido a grande jaca dessa geleia de morango.

Bom seria se houvesse um corretor ortográfico automático para aquilo que está errado na vida. Fez bobagem e ele corrige sem esperar você reler após entregar e perceber que estava não só faltando um acento como sobrando letras, vírgulas e palavras que tiram o foco do conteúdo do texto e da maneira como foi trabalhado e o põe na ortografia que, pensa o corretor, ser pior do que a de um analfabeto funcional.

Tem sido assim. Tenho escrito assim. Reclamado assim. Por dias, meses e anos. Nem sempre escrevendo, sempre pensando, constatando, concluindo.

Sem saber o que fazer.

Não sei quanto tempo aguento, ainda, essa insatisfação para comigo.

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