domingo, 31 de julho de 2011

Pedaços de um pensamento (21)


Não ter certeza de onde colocar as mãos, se na cabeça ou nos bolsos, não ajuda a entender. O que mesmo? Ah sim, aquilo. Poderia ser mais simples, algumas palavras e tudo resolvido: de volta ao que sempre foi. A possibilidade parece não existir. Isso dá motivos para colocar as mãos na cabeça, o que pode ser sinal de leve desespero. Se fosse pesado, os poucos cabelos seriam arrancados. No entanto, a falta aparente de possibilidade de resolução disso, ou melhor, daquilo, em pouco tempo, não deixa margem para uma atitude que não seja colocar as mãos nos bolsos afinal, querendo ou não, bicicleta para duas pessoas deve ser usada por duas pessoas para que a queda não seja inevitável.

Continua sem entender? Eu explico.

Dizem ser uma mania ou uma forma de chamar a atenção, aquela história de querer ser sincero. Sabe, eu só não falo mais coisas porque há um mundo de timidez e receio em mim. Bom, sinceramente, sou alguém que tem medo de algumas palavras negativas. Não condiz com a história da sinceridade, da franqueza e da tão desejada coragem. Talvez não seja medo, de verdade. Talvez seja insegurança, talvez o medo não seja de ouvir alguma coisa mas de não ter mais alguma coisa. É, medo de perder totalmente aquilo.

Como se a distância parece ter sido acrescentada por sabe-se lá quem, ou o que, esse medo de perder totalmente o contato, aquilo, induz mais uma vez a colocar as mãos na cabeça. De volta ao leve desespero. Tantas outras vezes isso aconteceu, em diferentes meios, mas em nenhuma delas houve preocupação, medo ou mesmo leve desespero como há hoje, e há algum tempo. Porque outras vezes não existia, de verdade e nem mesmo de mentira, o simples aquilo que me difere dos habitantes do mundo, frio e escuro, ao qual parecia pertencer tempos atrás.

Nada de entendimento, certo? Nenhuma compreensão, correto? Pois é.

Queria que alguém me dissesse, usando da sinceridade, o que pensa a respeito de tudo isso. Mesmo sem entender direito. O silêncio alheio me leva a colocar as mãos no bolso porque, no fim das palavras que não foram ditas, eu continuo imóvel e com algum comodismo por não ter sequer ideia do que fazer, ou dizer, para que aquilo seja, não só por mais algum tempo arrastado mas sim, sempre aquilo.

Algo que motiva, que dá razões para sorrir e sentir-me bem. O que me possibilita sonhar, sozinho ou não. E que me permite buscar algo maior não apenas por mim.

Pensando bem, preciso descobrir o que dizer, ou fazer, e isso não pode demorar muito.

Afinal de contas, é preciso ser corajoso para fugir dos medos e, não há medo maior para mim do que perder aquilo.

Um comentário:

Julia Wartha disse...

Ou entendi completamente ou não entendi nada, mas o texto é magnífico. Adorei.

Aquilo enlouquece as pessoas!

Abraço!