quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Histórias do Billi J. - A carta de uma mísera lembrança


"Vini, sem muita enrolação no começo, vou direto ao motivo que me levou a escrever-te mais essa carta, que será curta, prometo.

Certa feita em dia passado, estava eu em conversas com a Renata e me lembrei, após uma frase dela, de uma antiga conhecida. É, por aí mesmo, você sabe como era. Essas coisas de sentimento de fato nunca aconteceram, o amor que sempre senti pela Renata era maior. Mas você já sabe disso, também. A questão é que, lembrar de uma conversa passada nunca me havia feito tão mal. Tentarei explicar. 

Eu estava há cerca de 1 ano longe da Renata. Sabe quando a desilusão faz com que a saudade e a dor fiquem em segundo plano? É, sabe. Eu estava assim: desiludido. E como. Conversas com pessoas diferentes ajudavam a amenizar essa desilusão. Aquela menina era diferente. Ela demonstrava muita paciência com meu marasmo incansável, com minhas dores explícitas mas encobertas. Como que sem muito sentido ela, que sequer me encantava, foi me fazendo deixar de lado todos esses fatos que me deixavam, e por muito tempo estava e acabaria sendo assim, deprimido, para baixo, desanimado em um todo. Ela não tinha nada em especial, apenas me fazia companhia. A sensação que sentia quando conversava com ela era de que eu era único. Não por ser quem eu era, apenas por estar ali, conversando com ela. Não conversávamos nada muito profundo, não contei mais do que qualquer amigo rotineiro meu soubesse. Ela não dava nada a entender, não havia indireta, nada oculto. Eram conversas claras, sem frescura. Apenas conversas. Ela e eu, me sentindo especial mesmo. Aí você se pergunta, Vini, o que remeteu a um sentimento ruim pela lembrança dela, de uma conversa sua. Assim, é complicado explicar o que causou isso porém aconteceu tão repentinamente quanto começaram as nossas conversas. Em algum momento, sem nada pontual claro, ela fez uma comparação. Entre eu e outro alguém. Não pela situação, pelo dia ou pelo assunto. Ela comparou por comparar, como se quisesse medir quem era mais... bom, não lembro mais o adjetivo. É uma coisa mínima, sim, mas foi se repetindo e aquela sensação de que eu era único por ela desapareceu tão rapidamente quanto surgiu. Talvez seja bobagem sim, mas eu não gostei, mesmo. Sinto-me mal por lembrar da decepção que foi quando percebi que eu não estava mais na condição de especial. Fosse quem fosse a me alegrar e depois me decepcionar, ficaria mal ao lembrar. É bobagem minha, lembranças bobas de uma época um tanto difícil, mais ainda vulnerável. Qualquer micro-decepção era uma bomba gigantesca. Tanta coisa me foi tirada e tudo parecia ruim. Você sabe, me conheceu e já naquela época me ajudou. Hoje é diferente, sou feliz por tudo que comigo está, pela Renata estar comigo, por estar perto de casa. Bom, você sabe que não é fácil apagar traumas, por mais que sejam ínfimos perto ao que se pode, e acaba-se, vivendo. Bom, era apenas (mais) uma lembrança que gostaria de compartilhar com o amigo. Mais uma bobagem, sinto por ter tomado seu tempo. Acredito ter escrito muito sem dizer nada de mais. Espero que as coisas aí estejam andando. Há um tum tum tum louco por aí atualmente ou só lembranças?

Abraço, amigo.

Billi .Johansson, 21/11/10"

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