segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Pedaços de um pensamento (22)


A chuva que começou tão fina e escassa aos poucos foi ganhando intensidade e chegou ao ponto de tornar-se marca no dia. Nesse dia tão disperso e sem sentido. A escolha de não esperá-la passar e evitar que as roupas, a carteira e o celular, já desligado, ficassem molhados mostrou-se um grande acerto, uma escolha boa, realmente boa. Optar por não fugir de um destino indiferente à própria e singela existência demostra tanto nada quanto muito. Contraditório por relatar, antes do lado bom, que alguma coisa ruim deveria acontecer para que uma boa pudesse acontecer. Talvez nada tenha acontecido em si porém a lamentação pelos poucos pensamentos lembrados demonstra que, mesmo que insignificante, alguma coisa teve sentido nessa chuva.

Os olhos não viam muita coisa, os carros passavam e nem tentavam evitar as poças que jorravam ainda mais água por cima de alguém que não estava mais preocupado consigo, humanamente falando. Gripe posterior ou alguma outra consequência negativa da escolha simples de dizer 'então vou com chuva' tornam-se nada, como esse tanto disfarçado de nada por palavras. Ah sim, importante dizer que são apenas palavras.

Queria poder dar um sentido ao que senti. Nada mudou, ainda assim vejo essa chuva como algo significativo. Poderia escrever uma lamentação rimada em prosa curta e figurativa entretanto não consigo. A verdade e tudo o que há continuam e nenhuma chuva poderá levá-los consigo. Também não há salvação para a sensação de que muita coisa está ruindo.

Para aqueles que parecem estar mais longe, para a singular destacada em meio àquele plural e em tudo o que torna-se cada dia mais difícil, prometo tentar e fazer o possível para não ser apenas como alguém na chuva, que se molha mas logo está seco novamente. As marcas importantes são aquelas que ficam para sempre e lutar pela eternidade particular não é egoísmo, não é arrogância, tampouco vontade de perturbar.

É, antes de qualquer coisa, demonstração de coerência para com tudo aquilo que hoje é lembrança.

Ao tempo, o tempo. Às palavras, tudo, menos entendimento.

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