sexta-feira, 13 de março de 2015

O vazio de viver e só (57)



Algum dia sairá, tenho certeza. Isso, seja o que for, algum dia sairá. Seja por não haver mais espaço para onde expandir sua existência inconstante, ocasional e incompreensível ou seja por não conseguir mais sustento para suas voltas, esteja ele nas recaídas no mal ou na própria lei da ondulação.

Já tentei entender, abafar, desconstruir, amenizar e tudo o que mais possa ter vindo à mente para que isso, seja o que for, não se faça mais presente um momento duradouro sequer. Momento duradouro que pode ser, com probabilidade considerável, fruto de uma omissão com os momentos iniciais do mesmo, instantâneos e até imperceptíveis.

Não sei quando foi a primeira vez que isso fez-se em mim. Não sei quando havia sido a última. Não há memória clara para isso e, se houvesse, acredito que seria mais fácil de explicar possíveis razões porém o problema do entendimento continuaria o mesmo.

Difícil dizer por onde começar a explicar porque é possível, e muito, que não haja explicação sensata. Pegue um pouco de angústia - quantos textos já escrevi dizendo estar angustiado? -, misture com alguma parcela de atordoamento pelo condicional - quantas vezes já demonstrei imensa raiva, ou sentimento semelhante, pelos efeitos do condicional em meu dia? - e acrescente ansiedade abondamment.

Acho que, mesmo misturando isso em doses cavalares e irresponsáveis, não é possível chegar a compreender meu estado. A menos que você esteja sentindo o mesmo e, portanto, saiba exatamente do que estou falando.

O nome disso é incerto. As causas idem. Ainda assim consigo misturar algumas palavras na tentativa falha - com sobras - de definir o que há anos fracasso apenas em explicar, que dirá definir. Que dirá qualquer coisa. Fracasso no mesmo lugar e, então, é hora de parar de tentar explicar ou resolver. Apenas sentir, aguentar, suportar e tentar não cair em uma, ao menos momentânea, insanidade. Passa, isso passa. Um dia entenderei de onde e por quê vinha. 

Um dia.

Por fim, eu queria um oi pela manhã e um abraço antes de dormir. Talvez a falta disso seja a explicação - ou parte dela.

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