domingo, 11 de janeiro de 2015

Pedaços de um pensamento (91)

Como assim 'ainda não estou pronto para escrever'?

A vida continua sendo passageira, Santa Maria continua quente (às vezes parece que estou sendo cozinhado, ou cozido, em banho-maria), a faculdade ainda não foi deixada para trás, ainda não consigo ouvir uma música e dizer 'nossa, que troço legal', os cabelos continuam a cair, as músicas continuam a tocar aqui dentro e eu continuo a não escrever.

Todos os rascunhos, rabiscos, diálogos e ideias de textos que tenho aqui ao lado do computador, ou mesmo no OneNote me dariam a chance de escrever, ao menos, três livros. Os textos iniciados, possivelmente geniais - mesmo que para um retardado mental -, escritos e não publicados (a maioria por não ter sido finalizado) também renderiam um livro. De pelo menos oitenta páginas.

Ou, no mínimo, uma crônica melhor do que as do bagulho que é o Carpinejar.

Das 11 ou 23 coisas que me propus fazer neste final de semana está escrever. Como veem, cá estou. Realizei outras duas, três ou cinco e as outras 6 ou 20 - viva a margem de erro do Ibope - não foram realizadas sabe, apenas, Deus por qual razão ou quais as justificativas para tal procrastinação, desânimo, incompetência ou todas as anteriores.

Tudo que tenho feito visa tirar de foco o que me leva à angústia e ao medo. Tremei, terra, parece que nunca senti isso antes - mentira! - ou, pelo menos, não com tanta dúvida. Escolher entre o certo e o errado, mesmo sem saber qual é qual, é moleza. Escolher entre sim e não, idem. Agora escolha entre duas coisas infinitamente diferentes mas ao mesmo tempo muito parecidas. As decisões, não as consequências das mesmas. Escolha entre uma bergamota comum e uma pocan. Escolha entre um suco de limão comum e um de limão taiti.

Parece igual mas não é. É infinitamente diferente mas tão igual da mesma forma. Droga.

As coisas continuam as mesmas, com os mesmos gostos - e eu sem sentir gosto algum.

O remédio continua e as músicas continuam. Um deveria bloquear o outro mas o outro continua mesmo com o um. Ei, doutor, quero meu prometido silêncio!

Por fim, e não menos desimportante, é bom que existe mais uma prateleira, presa por parafusos maiores que o meu dedo mínimo. Não sei quando vou começar meu plano de comprar dez livros por semana então, em todo o caso, já estou preparado.

Obrigado por ter chegado até o fim. Mesmo que a ausência, também, continue a ditar as regras por aqui.

De ambos os lados.

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