domingo, 10 de agosto de 2014

Reflexões de um maluco (24)



Tem sido tão raras as vezes que meus olhos conseguem ver que não sei mais quais reações, do tipo bola de neve jogada do alto de uma montanha coberta por... neve, ocorrem após isso. Isto. Aquilo. Enfim.

Não acho que seja triste. Também não posso dizer que é algo que traz felicidade, bom. A reação, a consequência da visão ainda é, e há muito tempo diga-se de passagem, bem entendida, compreendida, assimilada, definida. Definições faltam por não haver muitas certezas em meio a tantas dúvidas. A tragicômica mania de imaginar, com alguma relevância e nenhuma imprecisão ou impaciência, e, ao ver, perder qualquer definição, acaba sendo apenas mais uma lenha para um inverno caótico que tem sido os últimos milhões de segundos.

Também é preciso deixar claro que não existe. Como também é bom dizer que existe. Porque a dúvida do que há, ou não, torna tudo mais difícil. Do ver ao ouvir, do tocar ao sentir. Tudo é indefinição, tudo são dúvidas, tudo são lembranças. Felizes e tristes, não necessariamente nessa ordem.

Dia desses imaginei falar para algumas pessoas, de alguma forma, quão grandes haviam sido alguns dos erros e o que me tinham tirado, o que haviam destruído na vida daquele que os falava. Não sei quem eram as pessoas, não sei porque haveria de chegar ao ponto de lembrar algumas das minhas grandes falhas, e principalmente da maior. Não sei. Tudo são dúvidas, tudo é ausência de definição, tudo – ou quase tudo – é mera passagem de tempo.

Talvez, veja bem, talvez, essas dúvidas, sejam elas inúmeras ou apenas uma solitária dúvida que se apresenta de diversas formas por diversos motivos, só venham à tona com alguma frequência porque não há possibilidade de encontrar um ponto final para alguma parte.

É bem verdade que grandes erros geram pontos finais definitivos mas, ainda assim, e apesar de poder definir muito bem o que, por que e como ocorreram tais erros, não consigo encontrar a tal capacidade de lidar com isso como se fosse mero aprendizado.

Porque não acho que o seja. E talvez nunca ache.

Se a vida é outra, hoje, e se boa parte desses erros acarretou em coisas diferentes, tudo bem. Deus sabe o que faz, sabe como como conduzir, sabe que portas abrir e quais fechar. Entretanto, apesar de não pensar nos condicionais presentes – pois, caso o fizesse, necessitaria de um manicômio exclusivo – seria bom conseguir olhar para trás e ver um ponto definitivo.

Talvez, e mais uma vez talvez, com algo que não fosse o nada constante com um raríssimo e quase instantâneo tudo, houvesse muito mais tranquilidade para lidar com as lembranças que vem e, claro, com o presente que há. Dentre todas as diferenças entre o tudo, o nada, o se e o que de fato há, a maior está na própria existência em si. E a única coisa real é o que há.

Mas, se o que não se vê também é real, como acredito que seja, o conflito é bem mais complicado, as dúvidas são muito maiores.

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