sexta-feira, 4 de julho de 2014

O vazio de viver e só(52)

Difícil perceber o mal feito a si mesmo, quando as atitudes que o dão origem são interiores, próprias daquele que sofre. Como um frio que desaparece, um calor inimaginável que vem e faz as paredes chorarem, com alguma literalidade, o que parece vir de fora acaba por apenas ser manifestação do que ali já estava.

Como ando em falta com tantas outras pessoas, para comigo não é diferente. Ando em falta comigo, com minhas leituras, escritas, sonhos, vontades, ações e até mesmo necessidades. A casa não varrida, a pia entupida, a máquina de lavar estragada e tantas outras necessidades básicas da rotina são deixadas de lado por algo que não pode ser chamado de nada. Seja por algum dano cerebral ou físico, por uma psíquica falta de algo ou sobra de tudo, não é mais possível aceitar passivamente e com indiferença brutal essa, isso, este ou aquele troço, coisa, semelhante ou diferente que pode ser considerado resumo de uma obra inacabada e absurdamente imperfeita.

Não que a perfeição seja o alvo porém é inegável que ela deva ser um ponto a ser mirado, porque mirar menos do que isso é aceitar o medíocre, o inacabado, o fracasso. Qualquer que seja sua máscara, cortina ou fantasia.

Chego a um ponto onde não tenho controle sobre muita coisa. Não por estar sendo forçado ou amarrado ou sinônimo direto ou indireto. É por ter simplesmente largado para o nada um tudo que deveria estar nas minhas mãos. Deixei, sem ter motivo, ou tendo todos os motivos possíveis, que alguma explicação besta desse asas a uma indiferença quanto a quase tudo o que cerca e ao qual deveria estar cercando.

Sem sequência, tchau.

Um comentário:

Guilherme Ferreira disse...

Não tenho palavras para descrever como entendo o que vc diz no texto porque passo pela mesma situação...