terça-feira, 3 de junho de 2014

O vazio de viver e só (51)

Nas últimas vezes em que vi uma página branca na minha frente, incluindo esta, agora, passou por meu corpo, e mente, uma sensação estranha. Uma tristeza muda. Um medo lamurioso e inquietante. Porque o que antes havia era nada menos do que totalmente oposto ao quase nada que há agora. Deprimentes palavras de uma mente que faz qualquer coisa - exceto pensar.

Há tanto por aí necessitando de uma palavra, uma opinião, uma analogia ou mesmo uma invenção e nada parece querer sair de onde antes saía tudo isso - e muito, muito mais. Estranho, nada, tristeza, tudo, negativamente, palavras ou expressões implícitas que deixam claro, de várias maneiras, que existe um algo, ou vários deles, muito errado em tudo isso. Em tudo isso.

A poética - sem poesia, pois havia um naco de dignidade pessoal naquilo - das palavras num todo deixou de ser um ponto a considerar pois não há número suficiente de frases para expressar isso ou aquilo sobre qualquer coisa. Essa fuga completa por meios não definidos - e por razões, no mínimo, desconexas - é, claramente, um retrato de uma vida que tem sido descontínua em tudo.

Sonhei, dias atrás, estar falando sobre planos aos quais não dei vazão, sonhos que morreram por si, desejos que fugiram covardemente, etc. Não acredito que sonhos, irracionais, queiram dizer alguma coisa. Mas não acredito, no entanto, que não digam nada. Sou contra teorias da conspiração mas acho que a falta de razão pode dizer muito sobre a razão, pessoal ou impessoalmente analisando.

Erros e mais erros, falhas e mais falhas. Descontinuidades desconexas e frases que viram banalidade.

Estou cansado dessa estagnação.

Ensina-me, Sabedoria, a crescer com essa Noite que São João da Cruz brilhantemente descreveu.

Amém.

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