sábado, 11 de janeiro de 2014

Pedaços de um pensamento (80)

Quando acordei, hoje, senti uma tristeza que há tempos não sentia. Ali, parado, olhando o mais singelo da criação, entristeci ao perceber que o tempo é implacável. O que dias atrás reluzia como uma grande chance de deixar que a vida, num todo, tirasse ao menos um pouco mais de toda essa pintura gosmenta derramada sobre mim ao longo dos anos, parecia, naquele silêncio, ser parte de um grande salão, escuro e vazio.

As dúvidas, sobre os mais diversos assuntos e aspectos que desconheço, continuam vivas. O não saber, o desconhecer e a indiferença ainda são fortes dentro de um ser que, por algum motivo, parece estar mais vivo.

Tanto na alegria quanto na tristeza, passando por raiva e pelos abraços empolgantes do espontâneo, o que parecia existir era algo que lutava em surgir porém, por diversos motivos e inúmeras desculpas, acabava sendo oprimido, deixado de lado. Senti-me tão vivo como há tempos não sentia. Vida singela, distante das rotineiras indiferença e distração.

Ali, diante do que de mais belo foi apresentado aos meus olhos, senti que estava a abertura para o caminho que há tempos ziguezagueava procurando, sem sucesso.

Como de costume, não consigo ter algo bom sem estragar, de alguma forma. Seja por falta de atenção, por descuido ou porque, de alguma forma, não consigo dar a devida importância, falta muito de mim naquilo que quero para mim. Nem tanto pela forma ou conteúdo e sim, quase que inteiramente, pelo que nem mesmo uma mente atenta e bem definida conseguiria descrever.

No silêncio, na manhã, no quarto escuro, estive diante do sublime.

Sublime que quero ver pelo resto dos dias.

De todos os dias que, algum dia, ousarei chamar de meus.

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