domingo, 8 de dezembro de 2013

Histórias de uma vida não vivida (56)



*As palavras tem o poder de mudar a história. Alguma história, ao menos. Nada mais profundo e clichê do que começar dizendo o que todo mundo pensa, fala e, apesar disso, não dá grande importância. Porque é banal. Virou banal. Transformaram em banais as palavras. Tão banais quanto sentimentos e sonhos. Banais como bananais, extensos e iguais a quaisquer outros - exceto pela nacionalidade dos trabalhadores e o governo que arrecada os impostos. Tiraram o valor das palavras para colocar... alguém sabe onde enfiaram aquilo que diferenciava as palavras das demais coisas que representam algo? De Sansão cortaram os cabelos, das palavras tiraram a importância. Malditos! Quero as palavras que mudem a história, a minha história, a sua história, a história do mundo. As palavras que mudem os sonhos, que mostrem a Verdade e encaminhem todo esse quarto escuro para uma saída luminosa e cheia de vida. Quero as palavras que meu coração treme ao tentar, em vão, dizer e murmurar - daqui a pouco banalizarão os murmuros transformando-os em gemidos, grunhidos, barulhos irritantes ou qualquer outra coisa (malditos!). Quero as palavras que extravasam sentimentos e tornam claros pensamentos, ideais, objetivos e tudo o que mais possa ser descrito e externado para qualquer um - que pode ser nenhum - ouvir, ler, descobrir. Quero o sentido das palavras de volta, sem banalização, sem desprezo, sem fazer o que tem feito de melhor: tirar o significado e transformar todo oásis em deserto absoluto, assim como fizeram com o amor, com a Verdade, com a Justiça e com todas as leis morais implícitas num humano qualquer.

Nenhum comentário: