segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

O vazio de viver e só (35)

A soma de dias que não trazem qualquer lembrança só aumenta. A indiferença parece não ter mais limite e a vontade, teórica, hoje tem ares de utopia misturada com nostalgia. Tudo para trás ou para frente - sendo que, nesse caso está condicionado ao tratamento dado a isso hoje - e nada para o agora. Estranho, não há nada aqui que possa ser digno de palavras, nem o resquício de luz que paira sobre minha existência singela e, por minha própria culpa, inútil. Sinto-me até mesmo pior do que isso.

Não é um vazio, está mais para inutilidade, incapacidade, ou alguma coisa semelhante em um termo menos degradante. O pouco de novidade que há, por si só, ainda não existe - e tenho medo de que, se for para ser assim, a maior das chances será jogada fora por ter surgido no pior dos momentos.

Queria fazer mais... ou melhor, queria fazer alguma coisa. O estudo é incompleto, o trabalho, o cuidado pessoal, seja emocional, físico ou espiritual, tudo está incompleto, sem um sentido, uma definição, um rumo. É como se estivesse circulando sobre o meu próprio corpo, como uma criança quando chega no parque de diversões e quer ver tudo ao mesmo tempo. De um lado para outro, geralmente no sentido horário, meus olhos buscam, de alguma forma, compensar a falta de todo o resto gravando tudo o que for possível no menor espaço de tempo.

Para piorar nem isso adianta. Não há nada sendo gravado, por mais que imagens, e até mesmo palavras, estejam sendo jogadas para dentro sem qualquer filtro. O bom, o ruim, o ótimo, o péssimo e tudo o mais tem sido tratado com indiferença por alguém que já não se sente capaz para coisa qualquer. Se antes a preocupação era deixada de lado por um ou outro motivo - bom ou ruim, não importava, havia algo que tirasse a urgência da existência de preocupação - agora ela surge com tons de imediatismo.a

Como se todos os meses que passaram devessem ser compensados em alguns dias, recuperando, curando, tratando e regenerando tudo o que foi perdido, machucado, estragado, extraviado, desviado ou mesmo destruído em todos esses meses de vazio, indiferença e solidão - mesmo em meio à multidão.

Não vejo qualquer rumo e peço, com algum desespero, que o Amor que todos os dias me faz acordar mostre, de uma forma ou outra, onde é o lugar ao qual devo chegar para conseguir ser curado, regenerado, revigorado, etc. Onde não haja mais indiferença e incapacidade mas sim vontade, coragem e potencial a ser transformado em ações reais.

Difícil. Mais do que em algum momento pude mensurar. A única vantagem que tenho é que Deus não dá a mínima para o tamanho das minhas dificuldades.

Porque Ele é grande. Imenso. Infinito. E o Seu amor torna qualquer coisa vinda de mim um grão de areia no deserto.

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