domingo, 21 de outubro de 2012

Pedaços de um pensamento (59)

Muitas coisas sobrevoam, sem pousar, aquilo que acaba sendo ponto de partida para toda essa desordem. Nada desce desse estágio flutuante porque, apesar de vontade, não há condições para tal. É como comprar um ralador de alhos sendo que você não tempera nada com alho pois esse lhe faz mal. Não adiantaria nada e seria, no final das contas, um desperdício de dinheiro, de tempo para ir comprar e, até mesmo, de espaço no armário onde será guardado.

Encontrar um local para fazer estacionar algo que atualmente não serve para nada, literalmente, é uma dessas perdas de tempo interna que certamente levam neurônios e etc a pensar coisas como 'por que ele insiste em comprar gasolina se esse veículo funciona à base de gás natural?' e por aí vai.

A vontade, e mesmo a necessidade, de organizar e tentar dar início a um novo momento, mais centrado, constante e definido, não justifica pegar e forçar algo a ser o que, por todo o contexto, não pode ser. Enquanto uns jogam fichas na mesa sabendo que estão dando dinheiro ao adversário, estou tentando manter longe da minha razão qualquer atitude que possa vir a ser desperdício de pensamentos, ideias, palavras e até mesmo sentimentos.

A indiferença às alterações rotineiras não é capaz de acabar com a sensatez.

Tem sido difícil olhar para qualquer lugar, situação ou pessoa, e pensar que há um grande propósito por trás de sua existência em si. Veja bem, nem mesmo a relação daquelas comigo vem ao caso porque não há como chegar a esse ponto sem ver e valorizar suas presenças como provas vivas de amor e bondade.

Querer antecipar a coerência, a humildade e a inteligência, trazendo para si a relação com coisa, lugar ou pessoa, antes de ver individual e contextualmente para com tudo é prova clara e patética de egocentrismo.

Não é justo que, sob a desculpa da incapacidade, veja com meus olhos antes de ver sem eles. Isso acaba com muito do que poderia ser, em condições normais, entretanto não acaba sendo pela mesma razão que lhe faz comprar chocolate quando está de dieta.

Fugindo do lugar comum, encontro tranquilidade naquilo que não é visto e sequer lembrado.

No que está muito longe de ser embora esteja sobrevoando, proximamente.

Nenhum comentário: