quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Reflexões de um maluco (19)



A sensações, imagens de um passado sem dono e imaginações desviadas são mais do que suficientes para criar uma barreira quase intransponível que separa o ser humano de si próprio. O desvio de um foco - qualquer que seja ele - é o contra objetivo. Não há sequer uma razão emocional que justifique a não aceitação daquilo que é momento, de intensidade absurda e incontrolável - ou quase. Entre todo o pensar, a impressão de que a sensação, o momento e a vontade - quando desejada - acabam tornando-se uma verdade justificável por si só é plausível - e passa a ser aceitada por qualquer mente que não consegue aceitar que há muito mais tempo do que vida.

Assimilar, e nada sequer o mínimo distante disso, que as escolhas levam para um lugar muitas vezes sem volta, é admitir para si mesmo de que cada passo dado influencia muito mais do que no próprio momento de vivência iminente. Os grandes erros da história surgiram, possivelmente, em momentos em que o ego assumiu o controle, deixando à razão tudo aquilo que é habitual e jogando - com um grande teor de hipocrisia moralista - a culpa naquilo que é sentimento, que é emoção.

Justificar escolhas por desejos sentidos e, ironicamente, sinceros não convém àqueles que desejam muito mais do que o momento, a sensação, o agora. Quem puder reconhecer em seu passado momentos chave em que escolhas mal feitas foram, salvo raras exceções, ponto de partida para grandes e dolorosos sentimentos - mesmo que somente após muito tempo. A definição não serve apenas para apresentações ou conversas entre pessoas que possuem algum interesse, mútuo, em conhecer ao outro.

Saber, palavra por palavra, quem se é, o que se faz e aquilo que se tem por convicção e ideal torna-se justificativa verdadeira para escolhas que parecem erradas, para mentiras disfarçadas de verdades e sonhos fantasiados por desejo ou pela, não menos errada, escolha de momento.

Assim como sensações não justificam erros que vão contra a verdade própria da pessoa, sentimentos, por mais sinceros que possam ser, não justificam ações e opções que afastem a razão, ou a própria emoção, do corpo ou coloque entre as duas uma linha imaginária intransponível. Pelo que sinto, sensação ou sentimento, não posso justificar - e aqui alguém haverá de criticar e discordar - qualquer escolha que vá contra o que tenho como verdade, por mais sincero que seja.

Não sei dizer, agora, se existem meios erros porém, se existirem, algum alívio tomará conta de mim. De resto, a certeza de que continuo não fazendo parte de um mundinho o qual sempre critiquei - mundo que é maioria na sociedade e que não compreende que a verdade, em todos os seus valores, é a grande chave para a verdadeira felicidade.

A sinceridade, em mim, ganhou credibilidade pois lembrou-me, no momento crítico, quem sou. Nenhuma palavra saiu, nada mesmo foi dito. Para aqueles que pensam que sinceridade é apenas falar o que pensa, saber disso é um tanto confuso. Não importa.

Sei que fiz a escolha certa. O problema é, também, saber que, embora tenha acertado, também tenha errado.

Nenhum comentário: