domingo, 23 de outubro de 2011

Pedaços de um pensamento (29)


À espera de um definitivo, um milagre definitivo que transforme todo esse desdizer patético em linhas inteligentes, interessantes, fundamentadas em um projeto de presente e futuro. Esquecendo o passado, as minhas palavras não estão mais onde estavam, o meu sentimento não está mais onde estava, duvido que ainda reste alguma lembrança. Nada do que posso ter sido restou e é, somente, a minha existência a única prova de que tudo aquilo um dia existiu.

Não adianta, mesmo batendo com a cabeça e insistindo o passado não vai desaparecer. Do nada ao tudo, variável pela origem do ponto de visão, passasse pela unicidade literal de um tempo e duas vidas. A mesma água que jorra hoje ao chão, pelo olhar para trás, para ajudar a germinar um futuro indefinido algum dia correu apenas por constatações tolas de que o nunca era logo ali.

O nunca era e é logo ali. Lá.

Milagres só acontecem quando, além de fé, há vontade e verdade. Penso ter vontade porém sinto a verdade próxima, como parte de mim. Se tudo tivesse, na realidade, não haveria problemas e os milagres estariam jorrando, pois conclui-se por fé a entrega de todo o futuro.

Retificando palavras depois, há um quarto elemento para o milagre.

Um elemento temporal. Atemporal.

Depende de que lado do princípio do ponto de vista você está. Próximo de que número está o ponteiro do seu relógio.

Nenhum comentário: