sábado, 29 de outubro de 2011

Ecos da sinceridade - Com o Absoluto


Sentado na sacada, imploro que Deus faça ecoar na imensidão desse pôr do Sol algum solo musical de piano, como fundo para esse momento. A solidão absurda nesse metro quadrado de área ao ar livre entre tantos prédios me traz lamentações passadas - porém, de maneira alguma, insignificantes. Na mesma proporção em que busco, às lágrimas, sentir os raios de Sol que parecem atravessar meu corpo sem tocá-lo, tenho a impressão de que tudo foge do meu alcance em um simples piscar de olhos, ou em um pequeno desvio no caminho - ainda que não se tenha sido completado-o. Parece injusto - e a injustiça parece uma certeza quando um bando de pássaros cruza o céu sem destino aparente - porque tenho a impressão que somente eu sou cobrado por cada, pequeno ou grande, erro, desvio, limitação ou fraqueza. Entender o motivo dessa ideia não é fácil, sobretudo quando se leva em conta uma história aparentemente normal. A singularidade torna-se utopia e nada do que vem a ser dito é assimilado. Pior do que tentar entender é não querer compreender tudo o que envolve essas situações. Enquanto o tempo passa, o Sol se esconde e a luz artificial toma conta parcial da minha visão, sigo com incertezas, dúvidas quanto à existência e suas subsequências. Dizer para a própria Verdade que nenhuma verdade saída de mim teve qualquer importância entre um tempo é doloroso e isso torna-se pior quando ganha tons de reclamação. Irrito-me por nada acontecer, por momentos de insatisfação (nem tão lógicas) voltarem justamente quando o caminho convergia à Luz.

Tudo o que tenho vivido ganha tons estranhos, irônicos e até mesmo dramáticos e, por nada disso ter um fim aparente, o tom da cor, do som ou da intensidade desses momentos, sensações e sentimentos, acaba não sendo relativo, definitivo para uma conclusão. A Verdade está aí, é necessário apenas que se busque, com mais forças do que se tem, vivê-la.

Quem sabe assim, com a ajuda da sinceridade diária, a vivência absoluta da Verdade seja menos complexa, melhor percebida, e assim se possa ouvir um barulho vindo do Céu.

Barulho que poderá ser, muito bem, um solo de piano.

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