É preciso ter coragem, e naturalmente ser um grande insano, para olhar o passado de forma séria e admitir até mesmo erros justificáveis, ou mesmo aqueles que não foram necessariamente cometidos por si.
Já escrevi a frase que espancou minha concentração hoje, posso voltar ao Gatsby? Não, espera, tem mais.
A perseguição do condicional, aquele estúpido se que faz pensar nas vidas que teríamos se as escolhas tivessem sido diferentes. Nos sonhos, reais ou imaginários, que teriam sido realizados se a pessoa, no caso eu, fosse menos eu e mais alguém que eu, geralmente, conheço - e que, por algum motivo, não canso de imaginar que nunca teria tais comportamentos. Nas conquistas que a qualquer vida presente, miserável ou rica, inveja pelo simples fato de não poder ter. Condicional, eu te odeio mas não consigo viver sem a sua existência barata, indesejável e irritante.
'Condicional, eu te odeio' é um ótimo nome para colocar em um livro futuro. Entretanto, deixe essa ideia mofar em minha cabeça até que, em algumas décadas, após alguém ter publicado, o condicional se tenha mais um motivo para esfolar meus pensamentos.
Certa vez, acredito, escrevi que sentia-me responsável até por coisas que não foram, objetiva e claramente, culpa minha, por não aguentar mais a lembrança deprimente e o arrependimento - perdão, de antemão, pelo excesso de erres - arrebatador que insistiam em fazer-me voltar, imaginando, ao ponto onde o mundo parece ter ruído. Bom, é necessário dizer que não foi um e sim vários pontos onde o mundo desabou sobre a minha cabeça e tirou-me de qualquer paz que pudesse haver na relação eu eu-lírico.
Caso não tenha escrito outra vez, o fiz agora. Não que isso não seja perceptível.
Os cruciais momentos em que a história toda mudou foram tantos que fica difícil dizer por onde começou. E, mais, onde poderia ter parado. É provável que nenhuma das vidas que passaram, durante esses anos, por mim, fosse a vida vivida para uma escolha, consequência ou transcrição diferente.
As portas que acabaram sendo fechadas, hoje, não incomoda por estarem fechadas. E sim por terem existido. Tudo muito vago porque há mais espaço do que portas. Mais tempo do que arrependimento. E mais vida do que escolhas.
Eu deveria ter parado na primeira frase. Há frases isso não faz sentido algum.
Um delírio sem significado.
Ou...
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