quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Ecos da sinceridade - Para com você e minha mente


O desejo é fazer estalar em você a mesma vontade que há em mim. Não o faço porque ainda sou incapaz de atingir o meio termo entre o subjetivo indireto e a sinceridade absoluta, a forma mais clara de palavras diretas. Também continuo responsável apenas pela parte que é, por direito, minha, porque, como acabei de escrever, é a única parte a qual tenho direito sobre as ações e, consequentemente, sobre as palavras. Entendo ser fruto de paranoia - e antes que seja levada adiante, não a esclarecerei - o que insiste em colocar negações atemporais, geralmente absolutas, em uma possibilidade que, em suma, nunca foi cogitada com seriedade - exceto no meu maior domínio: a minha mente.

Dizer a alguém o que fazer, estando de alguma forma ligado a situação, é um erro que a grande maioria comete. Torna-se falsa a intenção das ações e das palavras porque, no fundo, sabe-se que é para a realização da própria vontade - mesmo que não seja uma questão de vida ou morte, ou de futuro conjunto, em si - e então, por consequência, chegamos ao egoísmo. Entender que o que se sente, ou a mera vontade de buscar conhecimento mútuo, é uma verdade em potencial não justifica, em hipótese alguma, agir em benefício próprio com a desculpa de estar auxiliando ao outro.

O exemplo mais claro que vem à mente, e que pode muito bem tornar claro o que muito provavelmente ainda não está, é o seguinte:

"Um rapaz vive sua vida estando apaixonado por uma moça. Eles se conhecem desde pequenos porém, em algum ponto, ela apaixona-se e casa com outro rapaz. Anos depois o rapaz ainda a ama, porém respeita a decisão da amada, embora não se conforme com o fato de conhecê-la por anos e "perdê-la" para alguém que a conhece a muito menos tempo. Algum dia o esposo da moça sofre um acidente e morre. O primeiro rapaz da história então se aproxima ainda mais da moça, agora viúva, buscando consolá-la de todas as formas."

Esquecendo a dramaticidade, que faz esse trecho parecer de um filme hollywoodiano, e focando no que interessa, até que ponto a intenção dele por trazer conforto a ela faz parte da solidariedade e da essência de amor ao próximo? Naturalmente, em algum momento, irá usar de algum artifício para tentar fazê-la esquecer de vez o falecido esposo e então, conclui-se, começar uma vida nova ao lado de outra pessoa. Ele quer ser essa outra pessoa, sempre quis, e por mais que seja verdadeiro o seu amor, não justifica usá-lo como desculpa para tentar afastá-la rapidamente da dor e do sofrimento pelo falecimento.

Há um limite entre a sinceridade do gesto e o benefício próprio. Desconsiderando também, agora, qualquer outra regra moral implícita em nossas mentes, é óbvio que o melhor para quem perde uma pessoa é, o quanto antes, deixar de viver em função da perda. Entretanto isso também não justifica a possível - e quase sempre subsequente - intenção de começar um novo envolvimento. Tudo parece pesar a favor, eles se conheceram sempre, ele a ama e está claro, ao menos hipoteticamente, de que quer vê-la feliz só que...

Podem me chamar de chato, implicante e tudo mais porém não vejo razão para mudar de opinião. Não justifica. Como nenhuma ajuda é justificável quando feita, em primeiro lugar, para um benefício qualquer próprio. É como se você fosse a algum lugar sabendo que irá receber uma recompensa. Você, sabendo que não receberia recompensa alguma, iria mesmo assim a esse lugar? Esquecendo dos condicionais favoráveis - e contrários - duvido que iria, a não ser que a intenção de ir ao lugar fosse espontânea, desinteressada e, principalmente, incondicional.

Há muito não demonstro insatisfação indireta com alguém e, há mais tempo ainda, não justifico qualquer atitude minha por vontades, desejos e sentimentos próprios. Nada do que parte de mim justifica ou exige que algo deva partir de outra pessoa em minha direção. Além do egoísmo pela busca de algo a receber há a arrogância de colocar-se como centro de algo, sem justificativas coerentes e verdadeiras.

A verdade, quando vinda apenas de um lado, nunca justifica a verdade que parte, da mesma maneira, de, no mínimo, dois lugares diferentes.

Com o tempo se aprende isso. Embora nem todos tenham humildade para admitir.

*tenho consciência que seria muito criticado 
se alguma pessoa lesse os meus textos 
e nada do que escrevi tem a intenção de 
provocar qualquer atitude, em quem quer que seja.

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